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Militares ucranianos posam na cidade de Irpin, nos arredores de Kiev - Foto: Gleb Garanich/Reuters
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segunda-feira 14 de novembro de 2022 às 12:04h

Europa muda estratégia com Putin sobre a Guerra na Ucrânia: quem ganha, quem perde e o que muda

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A história da guerra na Ucrânia será, no futuro, narrada sob muitas óticas. Os russos dirão que foi pela segurança e autonomia de seu território contra as investidas ocidentais que nutrem resistência ao país. Seus pares europeus irão dizer que Vladimir Putin, presidente da Rússia, carrega consigo marcas do fim da União Soviética que nunca digeriu bem. Na Ucrânia, território devastado, as histórias exaltarão homens fortes que não abriram mão de sua soberania. E se é verdade que a história é escrita pelos vencedores, frase atribuída a George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair), é difícil arriscar dizer neste momento qual narrativa será perpetuada pelos livros. Uma coisa é certa: o fator econômico fará parte da narrativa.

A previsão é que com a expectativa de 2023 ser um ano difícil para e economia global a extensão da guerra seria mais um inibidor potente de crescimento. Na Zona do Euro, que até o meio do ano se mostrava fortemente contra a Rússia, a conversa agora é por uma solução rápida. O presidente da França, Emmanuel Macron, tem assumido a dianteira em um diálogo para, literalmente, conversar com os russos. “A verdade é que houve um erro crasso de previsão da guerra”, afirmou à Paula Cristina, da revista IstoÉ Dinheiro, Philippe Aghion, PhD na Harvard University e professor de economia e relações exteriores da London School of Economics. “Guiados pelos Estados Unidos, ninguém achou que a Rússia conseguiria passar tanto tempo sob fortes sanções sem precisar ceder um centímetro.”

Para ele, a essa altura, os caminhos são poucos. Ainda que a Ucrânia tenha sido amplamente abastecida pelo armamento ocidental, a verdade é que nenhum país ousou ser mais que fornecedor . “Com esse equipamento vindo dos associados da Otan, o exército ucraniano conseguiu algum avanço e retomada de territórios. Mas não parece ter sido o bastante para a população local, devastada no conflito”, disse Aghion. A Rússia, por sua vez, recebeu, dois meses antes da guerra começar, 40 drones com míssil do Irã.

Na Europa o discurso adotado agora é que, ao conseguir tirar os russos de seu território, a Ucrânia deveria imediatamente negociar a paz. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que virou o símbolo da resistência nesses nove meses de conflito, tem sido claro sobre o plano de não ceder nenhum palmo de terra. “Não pararemos até que o último soldado russo volte para o seu país”, disse ele recentemente à rede estatal de televisão do país. Em nenhum momento foi falado sobre erguer a bandeira branca. A posição tem o apoio velado de países que geograficamente estão perto do conflito, como os bálticos e a Polônia, que também enxergam a continuidade do conflito como positiva. “Eles temem que Putin se volte contra eles caso se sinta vitorioso ao fim da guerra na Ucrânia”, disse Aghion.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, segue a mesma linha. Em entrevista à agência alemã DW em outubro, ele disse que a Ucrânia tem que ganhar a guerra. Ele não explicou o que seria “ganhar”, mas deixou claro que, para isso, os membros da Otan devem dar o apoio necessário e durante o tempo que for preciso. “Não devemos esquecer que, se a Rússia parar de lutar, haverá paz. Se a Ucrânia parar de lutar, ela deixa de existir.”

Mas alguns países, em especial os maiores e com melhor estrutura militar, já comsideram a possibilidade de cessão de terras, já que a asfixia econômica esperada pelas restrições do Ocidente parece não ter abalado Putin. Andrew Allen, PhD e professor de economia da San Diego University, afirma que os chamados “países do conselho swift” (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Suécia, Suíça e Japão) financiaram o lado da Ucrânia, mas perderam a aposta.“Não há, neste momento, como derrotar a Rússia militarmente na Ucrânia.” Para ele, seriam necessários anos para que a Ucrânia fosse totalmente autônoma e isso envolveria ainda mais mortes, com o risco de uma ação nuclear. Apesar de pouco popular no Ocidente, essa discussão surgiu em reuniões de cúpula do G7 e da OCDE. O maior sinal disso é que o volume de armas enviadas para Ucrânia tem diminuído com a Otan admitindo a possibilidade de se esgotarem os recursos se o conflito se estender demais. Zelenski segue dizendo que “não dará nenhum passo para trás”, enquanto Putin garante que a “vitória russa é o caminho para a paz”. Duas narrativas que até poderiam ser verdadeiras, mas só uma será escrita na história.

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