O governo americano anunciou nesta quarta-feira (20) normas mais rigorosas sobre emissões dos automóveis, com o objetivo de acelerar a transição para carros elétricos.
Em comparação com o projeto apresentado no ano passado, estas normas finais concedem, no entanto, mais tempo e flexibilidade para os fabricantes atingirem novas metas de emissões de CO2.
Além de necessitar do apoio do setor automotivo antes das eleições de novembro, o presidente democrata Joe Biden deve convencer sobre suas promessas climáticas.
“Esses padrões de poluição, os mais rigorosos até agora para automóveis, reforçam a liderança dos Estados Unidos na construção de um futuro de transporte limpo”, disse, em nota, Michael Regan, chefe da agência estatal de proteção ambiental (EPA).
As novas regras serão aplicadas aos veículos leves e médios fabricados de 2027 a 2032.
O governo não fixa uma cota específica para vendas de veículos limpos, mas restringe gradualmente as emissões autorizadas por ano para os carros novos de cada fabricante.
O limite foi reduzido ao inicialmente previsto nos primeiros anos (2027-2030), mas em 2032 atinge o nível pré-definido. Até lá, os padrões de emissões de CO2 representarão uma redução de cerca de 50% em comparação aos de 2026, informa a EPA.
Trata-se de dar aos fabricantes “mais tempo” para se adaptarem, disse à imprensa um alto funcionário americano. Mas alguns defensores do ambiente acusam o governo de ceder à pressão da indústria automotiva.
O fato de os novos regulamentos exigirem menos reduções de emissões nos primeiros anos “causará mais danos ao clima”, lamentou o Centro para a Diversidade Biológica.
O Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, outra associação ambientalista, considerou o contrário, que as medidas estão “na direção certa”.
Vendas dispararam
O transporte é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa no país.
As novas regras devem evitar a emissão de 7,2 bilhões de toneladas de CO2 até 2055, segundo a EPA. Isto é aproximadamente quatro vezes as emissões de todo o setor de transportes em 2021.
As novas normas também incluem as emissões de partículas finas, que são perigosas para a saúde.
No total, segundo o governo, deverão gerar um benefício líquido de 99 bilhões de dólares por ano ( cerca de 500 bilhões de reais, dos quais 13 bilhões (65 bilhões de reais) graças à economia em saúde, por exemplo, porque evitará hospitalizações.
Segundo a EPA, estas novas normas ajudarão a acelerar a transição para automóveis com emissões zero (elétricos) ou com baixas emissões (híbridos).
Os fabricantes poderão escolher qual tecnologia preferem para reduzir a poluição. Eles também poderão melhorar a eficiência dos motores de automóveis a gasolina.
Como muitos fabricantes já estão cientes da necessidade de migrar para carros elétricos, a agência espera que o movimento se acelere.
“Desde 2021, as vendas de veículos elétricos quadruplicaram e os preços continuam a cair”, explicou Ali Zaidi, conselheiro de Joe Biden para o clima.
Desde o início do mandato do democrata, as empresas anunciaram mais de 160 bilhões de dólares (800 bilhões de reais) em investimentos para a fabricação de veículos limpos, estima a EPA.
Segundo cálculos da agência, na década de 2030 as vendas de veículos elétricos poderão representar até 56% das vendas de automóveis leves.
Isso é menos do que os 67% previstos no ano passado, mas a EPA espera cumprir as metas graças ao aumento de híbridos.
Em 2023, porém, os carros elétricos representavam 7,6% dos veículos vendidos nos Estados Unidos, estima a empresa Cox Automotive.