Os Estados Unidos aprovarão o envio de caças F-16 para a Ucrânia por Dinamarca e Holanda assim que o treinamento de pilotos ucranianos for concluído, disse nesta última quinta-feira (17) um funcionário do governo americano.
A Ucrânia tem buscado ativamente receber caças F-16 fabricados nos EUA para ajudar suas forças a combater a superioridade aérea russa.
“Washington deu a Dinamarca e Holanda garantias de que os Estados Unidos acelerarão a aprovação dos pedidos de envio dos F-16 à Ucrânia assim que os pilotos tiverem concluído seu treinamento”, disse o funcionário. A autorização americana é necessária pelo fato de esses aviões serem produzidos nos EUA.
“Congratulamo-nos com a decisão de Washington de preparar o caminho para enviar caças F-16 à Ucrânia”, afirmou o ministro holandês das Relações Exteriores, Wopke Hoekstra, em postagem feita nesta sexta-feira na plataforma de mensagens X, antes conhecida como Twitter. “Agora, vamos continuar a discutir o assunto com nossos parceiros europeus”, acrescentou.
A Dinamarca também disse que o fornecimento dos jatos à Ucrânia será agora discutido. “O governo já disse várias vezes que a doação é um próximo passo natural após o treinamento. Estamos discutindo isso com aliados próximos, e espero que em breve possamos ser mais concretos a esse respeito”, disse nesta sexta-feira o ministro da Defesa dinamarquês, Jakob Ellemann-Jensen, à agência de notícias Ritzau.
Treino deveria começar neste mês
Uma coalizão de 11 países deveria começar neste mês a treinar na Dinamarca pilotos ucranianos que vão pilotar caças F-16. O ministro interino da Defesa da Dinamarca, Troels Poulsen, disse em julho que o país esperava ver “resultados” do treinamento no início de 2024.
Segundo a CNN, no entanto, os Estados Unidos ainda não receberam um plano formal de treinamento, do qual Washington precisa para aprovar o envio do material secreto.
Membros da Otan, Dinamarca e Holanda têm liderado os esforços internacionais para treinar pilotos, assim como pessoal de apoio, de manutenção de aeronaves e, finalmente, para permitir que a Ucrânia obtenha o F-16 para uso na guerra contra a Rússia.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse em maio que a Holanda está pensando seriamente em fornecer caças F-16 à Ucrânia, já que vem atualmente substituindo esses aviões em sua própria frota.
De acordo com dados do Ministério da Defesa holandês, a Holanda tem atualmente 24 F-16 operacionais que serão “aposentados” em meados de 2024. Outros 18 estão atualmente disponíveis para venda, dos quais 12 foram vendidos provisoriamente.
Carta de Blinken a Holanda e Dinamarca
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, enviou cartas a suas contrapartes dinamarquesas e holandesas assegurando-lhes que os pedidos seriam aprovados, segundo o funcionário do governo dos EUA.
“Estou escrevendo para expressar o total apoio dos Estados Unidos tanto para a transferência de caças F-16 para a Ucrânia quanto para o treinamento de pilotos ucranianos por instrutores qualificados de F-16”, disse Blinken em uma carta aos dois governos, cuja cópia foi vista pela agência de notícias Reuters.
O presidente dos EUA, Joe Biden, endossou em maio programas de treinamento para pilotos ucranianos nos F-16. Além da formação na Dinamarca, um centro de treinamento seria criado na Romênia.
Nesta quarta-feira, autoridades ucranianas admitiram que não contam receber ainda neste ano os tão esperados caças fabricados nos EUA. Segundo a agência de notícias ucraniana Ukrinform, o porta-voz da Forças Aérea ucraniana, Yuriy Ignat, disse que “é claro que a Ucrânia não receberá os F-16 necessários para a nossa defesa no outono ou no inverno”, acrescentando que os pilotos ucranianos estão preparados para começar o treinamento e que espera que não haja “atrasos” nesse processo.
Autoridades dos EUA disseram, de forma reservada, que os jatos F-16 seriam de pouca ajuda para a Ucrânia em sua atual contraofensiva e não será um divisor de águas quando finalmente chegarem, devido aos sistemas de defesa aérea russos e aos céus contestados sobre a Ucrânia.
Enquanto isso, a contraofensiva ucraniana contra as forças do Kremlin continua, mas ainda não alcançou o tipo de vitória na linha de frente que muitos esperavam.
O jornal The Washington Post publicou nesta quinta-feira uma informação sobre um relatório de informações classificadas que prevê que Kiev não atingirá o seu principal objetivo de chegar à cidade de Melitopol, no sudeste do país. Assim, a Ucrânia não conseguiria cortar dos russos o acesso à Crimeia.
Ataque de drone em Moscou
Enquanto isso, as defesas russas pararam ataques de drones no centro de Moscou e contra navios russos no Mar Negro, disseram autoridades russas nesta sexta-feira, culpando a Ucrânia pelas tentativas de ataque.
Sistemas de defesa abateram um drone ucraniano sobre o centro de Moscou no início desta sexta-feira e alguns fragmentos caíram sobre um centro de exposições, segundo comunicado do ministério russo da Defesa, acrescentando que o drone foi abatido por volta das 4h (horário local) e que não houve feridos ou incêndio causado pelos fragmentos. No entanto, os voos foram brevemente suspensos em todos os quatro principais aeroportos de Moscou.
O prefeito Sergei Sobyanin disse que alguns dos fragmentos caíram no terreno do Expocentre, um centro de exposições adjacente ao complexo comercial e de escritórios Moscow City, que foi atingido duas vezes por drones no mês passado.
A área fica cerca de quatro quilômetros a oeste do Kremlin. O governo russo chamou o este último incidente de “outro ataque terrorista pelo regime de Kiev”.
As forças navais também destruíram um drone marítimo ucraniano que tentou um ataque a navios russos na quinta-feira no Mar Negro, cerca de 240 quilômetros a sudoeste de Sevastopol, disse o ministério da Defesa russo. O drone foi destruído pelo fogo de um barco patrulha e uma corveta, segundo a pasta. Não foi possível verificar as alegações.