Após a ação de limpeza realizada por agentes da subprefeitura da região da Cracolândia, no centro de São Paulo, que tentou retirar os usuários de drogas do local na terça-feira (8), um grupo de pessoas saiu pelas ruas da região assaltando carros e pedrestres que passavam pelo local. Um motorista que foi vítima do arrastão relatou ao G1 como a ação ocorreu.
“O celular foi o primeiro item que levaram. (…) Eles começaram a recolher o que eles viam. Pegaram até uma bolsa térmica que só tinha águas e bebidas para o meu próprio consumo. Eles estavam desnorteados, pegando qualquer coisa que pudesse gerar algum valor”, contou.
A vítima relatou ao jornal que não tinha nada visível no carro, como itens de valor, e incialmente não achou que seria atacado. Porém, ele foi surpreendido com uma pancada na lateral do veículo, que quebrou o primeiro vidro e que, segundo ele, cortou superficialmente seu braço.
O motorista relembrou que tentou manter a calma para garantir que os assaltantes não se sentissem ainda mais ameaçados sentindo que ele “dirigiria o carro para cima deles”.
“Eu tinha algumas pessoas penduradas no meu carro. Se eu ando ali, provavelmente eu machucaria no mínimo três [pessoas] e eu não sei se conseguiria conviver com isso. O prejuízo já tinha acontecido, eu preferi ficar com o prejuízo que eu enxerguei do que sair andando, passar por cima de alguém e não saber o que aconteceu. Esse peso na consciência eu não quis assumir.”
O arrastão
O arrastão na região central de São Paulo, perto da Cracolândia, assustou moradores e comerciantes locais na tarde desta terça-feira (8). A confusão começou por volta das 13h. Imagens gravadas no local mostram a ação de grupos de usuários de drogas roubando lojas e ameaçando pedestres. Motoristas subiram nas calçadas para escapar.
O tumulto teria ocorrido após a retirada de moradores de rua e dependentes químicos nas avenidas Duque de Caxias e Rio Branco, na região da Santa Ifigênia. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as avenidas foram bloqueadas nos dois sentidos.
Segundo a polícia, o tumultuo teria se iniciado após os guardas civis municipais pedirem que alguns moradores de rua saíssem do local e fossem até a praça Princesa Isabel, nas proximidades. Na versão de alguns moradores, a confusão começou depois de uma operação de varrição das ruas, que é realizada todos os dias pela Prefeitura de São Paulo, com o apoio da GCM (Guarda Civil Metropolitana).
As imagens mostram ao menos seis veículos danificados durante o arrastão. Entre os danos, estão parabrisas, lanternas e lataria dos carros. Motoristas chegaram a subir na calçada com os carros para fugir dos criminosos durante a ação. O tráfego estava congestionado no trecho no momento do arrastão.
Segundo relatos dos moradores da área, as forças de segurança teriam usado bombas durante ação na Cracolândia. A PM não confirmou o uso de bombas para conter os ataques, mas informou que o policiamento segue reforçado na região. Ninguém foi preso.