No dia em que oficializou o convite ao deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) para o ministério do Turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou segundo Julia Noia, do O Globo, que a atual titular da pasta “não deveria ter saído do partido”, em referência ao União Brasil. A movimentação da parlamentar, que iria migrar para o Republicanos, foi um dos motivos que levou caciques do partido a pressionarem por uma troca na chefia do ministério.
— Eu falei pra ela que ela não deveria ter saído do partido, aí fica difícil — afirmou Lula, em entrevista à TV Record que foi ao ar nesta última quinta-feira (13).
Pressionado por novas trocas para atender o apetite de outros partidos do Centrão, o presidente afirmou que não serão feitas outras mudanças na Esplanada dos Ministérios até agosto, quando acaba o recesso parlamentar. Nas últimas semanas, Lula vem sendo pressionado por partidos como Republicanos e PP a trocar os titulares do Esporte (Ana Moser) e do Desenvolvimento Social (Wellington Dias), além da presidente da Caixa Econômica Federal (Rita Serrano).
Ainda sobre uma eventual troca de titulares, ele negou que esteja “tirando mulheres demais” — a possibilidade foi criticada nos bastidores por quadros ligados à esquerda, como mostrou O Globo.
— Eu não estou tirando mulheres demais. Se levar em conta o que ouve de especulação, daqui a pouco vou estar me substituindo — afirmou.
‘Nunca escolhi amigo para o STF’
Com a corrida posta pela vaga da ministra Rosa Weber, do STF, que se aposenta em outubro, Lula volta a falar que “não há compromisso antecipado” com a indicação de uma mulher ou uma pessoa negra para a vaga. O nome do ministro da Justiça e da Segurança Pública Flávio Dino voltou a ganhar força para ocupar o posto, como O GLOBO mostrou nesta quinta-feira. O presidente vem sendo pressionado por alas da esquerda para indicar um nome que preserve um caráter diverso na Corte.
— Não há compromisso antecipado. Pode ser uma mulher, pode ser um homem, pode ser um negro. Já indiquei muita gente (ao STF), então vou com muito cuidado. Quero indicar uma pessoa séria e garantista — afirmou.
O presidente também voltou a negar a que tenha decidido pela recondução do procurador-geral da República Augusto Aras ao cargo, mas afirmou que pretende conversar com todos os nomes postos:
— Nunca conversei com o Aras pessoalmente. Mais para a frente, vou conversar com todos os possíveis nomes para sentir o que as pessoas pensam.
Novas críticas a Campos Neto e à ao mercado
Ainda durante a entrevista à Record, Lula voltou a criticar integrantes do mercado financeiro. Ao ser questionado sobre a mudança de postura do segmento em relação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, agora bem visto entre o empresariado em função das pautas econômicas tocadas pelo governo, o presidente teceu novas críticas:
— Esse povo nunca votou na gente. Eles nunca votaram no PT, nunca votaram no Haddad. Eles não tiveram nem coragem de criticar o (ex-ministro da Economia) Paulo Guedes.
Lula ainda voltou a questionar a postura do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diante da manutenção da taxa básica de juros no patamar de 13,75%. Na avaliação do titular do Planalto, ele também teria a função de “gerar empregos e fazer a economia crescer, não apenas atingir a meta de inflação”.
— Queremos mais crédito. Não tem um setor da Faria Lima, do varejo, do setor industrial, do turismo e da sociedade que concorde com essa taxa de juros. Este cidadão está a serviço de quem? — ponderou.