À venda em frente à Catedral de Brasília, canecas comemorativas de atos bolsonaristas não foram mais compradas desde as manifestações golpistas promovidas por apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia oito de janeiro. O comerciante Agnaldo Noleto, de 52 anos, vende souvenirs turísticos há mais de 30 anos a poucos metros da Esplanada dos Ministérios, onde terroristas furaram o primeiro bloqueio policial rumo à Praça dos Três Poderes há duas semanas. — É uma recordação histórica de uma luta que foi difícil — afirma Noleto.
Ao lado de chaveiros com a frase “Eu amo Brasília” e ímãs com fotos da arquitetura de Oscar Niemeyer, as canecas brancas são estampadas com uma foto em que predominam bandeiras do Brasil, símbolo dos atos bolsonaristas, com a legenda: “Manifestação no QG do Exército em Brasília. Eu estava lá!”.
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O comerciante começou a produzir as peças — que vende por R$ 50 — em dezembro, depois que apoiadores do ex-presidente se instalaram em frente ao quartel de Brasília pedindo às autoridades que impedissem a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas com os ataques do dia oito de janeiro, quando milhares de bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, o item tornou-se impopular. — Não vendi nenhuma nestas duas semanas. As pessoas estão com medo, eu acho— declarou.
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Já os itens estampados com o rosto de Bolsonaro continuam em alta, garante Noleto. — Tudo acaba rápido, hoje não tenho quase nada— diz ao abrir sua barraca neste domingo, duas semanas após o atentado em Brasília, e depois de vender sua última caneca com a imagem do ex-presidente.
— Os brasileiros preferem Bolsonaro — afirma o vendedor que votou nele, mas mantém a barraca abastecida também com itens do presidente Lula, entre eles a caneca que diz: “Estive na posse do presidente”. — Mas só os europeus compram as (canecas) do Lula. Só vendi duas em duas semanas, e foram para uma francesa — conta.