A Infra S.A., estatal brasileira formada pela fusão da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e da Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias, assinou contratos para a elaboração de Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evtea) voltados para o transporte de passageiros em seis trechos das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sul do país.
O processo licitatório para contratação foi dividido em dois lotes para a escolha das empresas. O Lote I, denominado Lote Nordeste, é composto pelas ligações Salvador/BA – Feira de Santana/BA, com 107 km; São Luís/MA – Itapecuru Mirim/MA, com 116 km; e Fortaleza/CE – Sobral/CE, com 240 km.
O Lote II, denominado Lote Centro-Sul, inclui as ligações Brasília/DF – Luziânia/GO, com 62 km; Rio Grande/RS – Pelotas/RS, com 64 km; e Londrina/PR – Maringá/PR, com 133 km.
Para o Lote I, foi contratado o Consórcio Ferroviário Evtea, liderado pela Systra Engenharia e Consultoria e composto também pela Houer Consultoria e Concessões, Tylin Brazil e M Viana Sociedade de Advogados. O valor do contrato é de R$ 3.660.249,99.
Para o Lote II, foi escolhido o Consórcio Ferrovias Centro-Sul, liderado pela Volar Engenharia Ltda e composto pela AeT Arquitetura, Planejamento e Transportes, com uma proposta de R$ 3.343.250,83.
De acordo com apuração do site Viatrolebus, especializado em transportes, os contratos foram assinados em 29 de julho, e a Ordem de Serviço foi emitida no dia 8 de agosto.
Os contratos têm duração de até 33 meses, no entanto, os primeiros projetos devem ser entregues ainda no início de 2025. O Evtea inclui avaliação das dimensões de mercado e demanda, engenharia, operacional, socioambiental econômico-financeira e documental jurídico-regulatório.
Transporte de passageiros por trens no Brasil
O transporte de passageiros por ferrovias no Brasil tem uma história marcada por altos e baixos, refletindo as mudanças econômicas e políticas do país. Iniciado no século XIX, o primeiro trecho ferroviário foi inaugurado em 1854, ligando o Porto de Mauá, na Baía de Guanabara, à Raiz da Serra, no Rio de Janeiro, em um percurso de 14,5 km. Esse projeto, idealizado por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, foi o ponto de partida para a expansão ferroviária no Brasil.
No início do século XX, as ferrovias se tornaram essenciais para o transporte de passageiros, especialmente nas regiões Sudeste e Sul, impulsionando o desenvolvimento das cidades e do comércio. Empresas como a Estrada de Ferro Central do Brasil e a São Paulo Railway foram ícones desse período de ouro.
Entretanto, a partir da segunda metade do século XX, o transporte ferroviário de passageiros entrou em declínio, devido ao aumento do transporte rodoviário e aéreo, e à falta de investimentos na manutenção e modernização das linhas férreas. Muitas rotas foram desativadas, e o transporte ferroviário passou a ser quase exclusivamente de carga.
Nos últimos anos, tem havido uma tentativa de revitalização das ferrovias para o transporte de passageiros, com projetos de trens regionais e turísticos, além da modernização de linhas metropolitanas. No entanto, o transporte ferroviário de passageiros no Brasil ainda enfrenta desafios significativos para recuperar a importância que já teve no passado.