Identificar o Parkinson antes que ele comece a danificar o funcionamento do cérebro é um dos principais desafios da medicina. Cada vez mais possibilidades de diagnóstico tem aparecido, mas a ciência parece ter dado um maior passo em uma pesquisa revelada na última segunda-feira (8) na revista médica PNAS, diz Bruno Bucis, do portal Metrópoles.
O diagnóstico molecular criado por engenheiros biológicos americanos permite identificar o acúmulo de proteínas nocivas no cérebro, características da doença neurodegenerativa, antes mesmo do aparecimento dos primeiros sintomas.
“Este trabalho é um passo importante em direção ao nosso objetivo de desenvolver um método para detectar e quantificar estes marcadores no cérebro com antecedência e manter o Parkinson sob controle”, comemora o patologista David Walt, do Hospital Brigham, em Boston, nos EUA, associado à Universidade de Harvard.
Para o médico, conseguir medir exatamente as proteínas associadas ao Parkinson no cérebro permitirá também melhorar os testes de medicamentos para combater a doença. “Ao observar os biomarcadores, podemos testar seus efeitos em coortes de pacientes mais específicas, nos estágios iniciais da doença”, explica Walt.
O Parkinson
A doença de Parkinson atinge cerca de 10 milhões de pessoas no mundo. Pessoas com esta condição neurodegenerativa passam a sofrer com acúmulos de proteínas que formam placas e emaranhados, pressionando o cérebro e prejudicando o funcionamento do órgão.
Na maioria dos casos, ela só é identificada depois dos primeiros sintomas. Atualmente, não existem exames de sangue ou laboratoriais para diagnosticar o Parkinson em pacientes sem predisposição genética conhecida, que são cerca de 90% dos pacientes, de acordo com o estudo americano.
Esse processo degenerativo das células nervosas pode afetar diferentes partes do cérebro e, como consequência, g
Além do Parkinson, o método apresentado poderá ser usado para identificar a atrofia de múltiplos sistemas e a demência com corpos de Lewy — dois distúrbios que pertencem ao mesmo grupo de distúrbios neurológicos do Parkinson, com a agregação patológica da proteína ⍺-sinucleína.
Os sintomas neurológicos apresentados pelos pacientes com essas doenças são parecidos, o que torna impossível distingui-los para iniciar os tratamentos com testes iniciais. Não já também nenhuma cura para estas condições, os tratamentos são voltados a cuidar de mitigar os sintomas.
O diagnóstico novo
No projeto, a equipe de Walt usou programas matemáticos para detectar emaranhados de ⍺-sinucleína em amostras de tecido e fluido cerebral.
Utilizando minicompartimentos para retirar as amostras de pacientes, as fibrilas foram separadas (como se desenrolassem um novelo de lã) e posteriormente cultivadas para se tornarem maiores e, assim, mais detectáveis e estudáveis.
“Nossas estratégias atuais funcionaram bem em amostras de tecido cerebral, mas precisamos melhorar suas sensibilidades para que possamos atender aos critérios para testes de diagnóstico clínico de assertividade e, esperançosamente, detectar ⍺ fibrilas de sinucleína no sangue e outros fluidos biológicos”, conclui o médico.