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terça-feira 7 de abril de 2020 às 08:59h

Estudo aponta dezenas de cidades baianas com risco de infecção por coronavírus

DESTAQUE, NOTÍCIAS


Em um mapeamento independente recebido na última semana pela redação do #Acesse Política mostra um projeção realizada por três pesquisadores baianos que apontam que 74 cidades da Bahia que ainda não registraram casos de Covid-19 têm risco acentuado de apresentar ocorrências da doença. Dos 417 municípios do estado, 47 deles tiveram vítimas infectadas, segundo dados mais recentes da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Se essas 74 cidades que ainda não tiveram casos vierem a registrar ocorrências nas próximas semanas, estima-se que, em breve, a Bahia pode chegar a 122 municípios afetados pela doença.

Segundo o jornal Correio, que também publicou a pesquisa, embora o estudo não faça uma previsão temporal de quando isso ocorrerá, o geógrafo Kaique Brito Silva, um dos autores do mapeamento, diz que a quantidade de casos no estado tem dobrado, em média, a cada três dias e que, sendo assim, é possível que o número de cidades atingidas pela Covid-19 possa crescer já nos próximos 15 dias. Até esta segunda-feira (6), a Bahia tinha 436 casos confirmados de infecção, com 11 mortes.

Para determinar o risco, o estudo feito pelos cientistas vinculados à Unicamp, Ufba e UFS, leva em conta a existência de rodovias, portos, aeroportos e ferrovias nas cidades — locais de forte circulação de pessoas e que constituem cenário propício de contaminação.

Neste conjunto das 74 cidades com possibilidade acentuada de apresentar casos, o risco foi medido por meio da soma de quatro fatores: a presença das rodovias federais, presença de portos e aeroportos, a proximidade com cidades com casos registrados e cenários de metropolização — que é a junção de um ou mais municípios devido ao crescimento deles. Para definir a proximidade entre uma cidade com registro de covid-19 e outra sem, os pesquisadores adotaram a distância de 50 Km, que é o deslocamento médio de uma pessoa por dia.

Para traçar os lugares de risco, primeiro os pesquisadores fizeram a identificação das rodovias estaduais e federais que atravessam o estado e, em seguida, identificaram os municípios que são perpassados por estas estradas e que sofrem influência direta. Conforme o levantamento, as BRs 101 e 116 são as principais artérias de ligação com o Sudeste, que concentra o maior número de contaminados do país.

Conforme esclarece Kaique Brito, o resultado do cruzamento destes dados pode ajudar as prefeituras e o governo a encontrarem caminhos para minimizar os impactos da chegada do novo vírus em seus territórios.

“Se você não tem esses dados na forma de mapas, fica difícil conseguir entender o fluxo. Esses mapas ajudam a ver quais municípios precisam ser melhor observados e auxilia a tomar medidas estratégicas que podem ser diminuir esse fluxo, fazer blitz constantes, pedir aos caminhoneiros que não se aglomerem em postos de gasolina”, exemplifica ele, que divide a autoria do levantamento com os pesquisadores Roberto José da Silva e Jônatas Batista Mattos.

Cidades sem casos se preparam

Prefeito da cidade de Araci — a 221 Km de Salvador —, Antônio Silva Neto (PDT), contou ao CORREIO que o município de 55,9 mil habitantes ainda não tem registro confirmado de infecção, mas já vem sendo preparado para um possível surto. Cortada pela BR-116, mesmo sem casos, por lá o comércio já está fechado, funcionando apenas os serviços essenciais como supermercados, farmácias, postos de gasolina, casas de materiais de construção e limpeza.

Prevendo o cenário de contaminação, a gestão, através de decreto, determinou toque de recolher e só é permitido circular nas ruas entre as 7h e 19h. De acordo com o prefeito, por enquanto, a maior dificuldade da administração municipal é conseguir controlar a circulação de pessoas pelas ruas, já que 62% da população de Araci está distribuída na zona rural e não há efetivo suficiente para a fiscalização.

Sem leitos de de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a prefeitura montou um hospital de campanha em uma Unidade de Saúde da Família (USF), que possui dois respiradores mecânicos e tem equipe exclusiva para atendimento de casos suspeitos de covid-19. Se algum paciente evoluir para situação grave, o tratamento não é possível no município e depende de regulação do estado para que a vítima seja encaminhada para um hospital de referência, provavelmente em Salvador, que fica a cerca de 3h30 de viagem.

Em Santo Antônio de Jesus, cidade cortada por duas rodovias estaduais (BA-046 e BA-026) e uma federal (BR-101), há dois hospitais de grande porte, o Regional e o Luiz Argôlo Santa Casa de Misericórdia. Juntas, essas duas unidades dispõem de 30 leitos de UTI e 30 respiradores mecânicos, segundo informações do médico Leandro Lobo, secretário de saúde do município e ex-administrador do Hospital Octávio Mangabeira, referência em doenças respiratórias em Salvador.

Se eventualmente a cidade tiver progressão no número de casos, a prefeitura pretende fazer requisições administrativas para aumentar o número de leitos de terapia intensiva, podendo chegar a 40 equipamentos. “Assim como Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus é um importante entroncamento da Bahia, são geograficamente importantes e estão em diálogo direto com o governo do estado”, garante o secretário.

Ainda conforme Lobo, assim que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia, em 11 de março, o município correu para treinar os profissionais de saúde para lidar com o novo inimigo mundial.

“A situação foi se acelerando rapidamente no mundo e a Bahia saiu na frente impondo barreiras. O comércio [da cidade] aceitou o fechamento, empreendemos muitos esforços para convencer apresentando dados. Havendo a necessidade de não colapsar a rede pública, precisaremos contratar mais respiradores e UTI e os donos de indústrias se colocaram à disposição de participar”, contou.

Veja o gráfico com casos de Covid-19 na Bahia:

Lacen duplicará capacidade de testagem

Os serviços de saúde de todo o estado têm feito a coleta de amostra nasal dos pacientes para comprovar ou descartar a contaminação pelo novo coronavírus. Esse material é, obrigatoriamente, encaminhado ao Laboratório Central (Lacen), que atualmente tem capacidade de 300 testes por dia e trabalha em esquema de 24h, inclusive aos finais de semana, segundo informações da Sesab.

De acordo com o Governo do Estado essa capacidade de testes será duplicada. Na última quinta-feira (2), o governador Rui Costa anunciou que duas novas máquinas chegarão ao Lacen, o que permitirá fazer 600 por dia.

Ainda conforme a pasta, a média de tempo de realização do exame é de 48h mas, alguns municípios, pelo tempo de transporte da amostra, pode ter esse prazo aumentado. Além da chegada das duas máquinas, o estado informou a compra de 1 milhão de máscaras para serem distribuídas entre os municípios.

Confira a lista das cidades com risco eventual de casos de COVID-19

ANGICAL
ANTÔNIO CARDOSO
ARACI
ARAMARI
ARATACA
AURELINO LEAL
BOA NOVA
BREJOLÂNDIA
BREJÕES
BROTAS DE MACAÚBAS
BUERAREMA
CAMACAN
CÂNDIDO SALES
CARAVELAS
CATOLÂNDIA
CONCEIÇÃO DA FEIRA
CONCEIÇÃO DO ALMEIDA
CORAÇÃO DE MARIA
CRISTÓPOLIS
CRUZ DAS ALMAS
ENCRUZILHADA
ENTRE RIOS
ESPLANADA
EUNÁPOLIS
GOVERNADOR MANGABEIRA
IBIRAPITANGA
IBIRAPUÃ
IBOTIRAMA
IRAJUBA
ITABELA
ITACARÉ
ITAGIMIRIM
ITAMARAJU
ITAPEBI
JAGUAQUARA
LAMARÃO
LENÇÓIS
LUÍS EDUARDO MAGALHÃES
MANOEL VITORINO
MARAÚ
MASCOTE
MUCURI
MUQUÉM DE SÃO FRANCISCO
MURITIBA
NOVA ITARANA
NOVA VIÇOSA
OLIVEIRA DOS BREJINHOS
PEDRÃO
PLANALTO
POÇÕES
PRESIDENTE TANCREDO NEVES
RAFAEL JAMBEIRO
RIBEIRA DO POMBAL
RIO REAL
SANTA BÁRBARA
SANTA INÊS
SANTA LUZIA
SANTA TERESINHA
SANTANÓPOLIS
SANTO ANTÔNIO DE JESUS
SANTO ESTÊVÃO
SÃO GONÇALO DOS CAMPOS
SÃO JOSÉ DA VITÓRIA
SAPEAÇU
SEABRA
SERRINHA
SÃO FÉLIX
TEOL NDIA
TEODORO SAMPAIO
TEOFILÂNDIA
TUCANO
UBAITABA
VALENÇA
WENCESLAU GUIMARÃES

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