O estaleiro Enseada, localizado em Maragogipe, no Recôncavo baiano, tem expectativa de retomada plena da sua atividade no próximo governo.
O empreendimento cujos investimentos chegaram a cerca de R$ 3 bilhões, gerando mais de 5 mil empregos diretos e que entrou em recuperação judicial após a operação Lava-Jato, passou a atuar como terminal marítimo por falta de encomendas.
Agora o Enseada tem expectativa e que a demanda por estruturas navais aumento nos próximos anos e espera maior quantidade de projetos offshore no país, proporcionando que os investimentos bilionários realizados no estaleiro possam voltar a ser usados, conforme declaração do seu Presidente ao jornal Valor Econômico. Todos os estaleiros do país manifestaram esperança de retomada do setor no próximo governo. Bolsonaro disse que sendo reeleito, deve buscar investimentos para o setor,
O jornal diz que foi no governo Lula que se estabeleceu a política de pelo menos 70% de conteúdo nacional para fornecimento de materiais à Petrobras, mas mesmo que essa política não volte, a Petrobras precisará de 45 embarcações de apoio às novas plataformas de petróleo, que poderiam, em parte, ser construídas no país. Somando-se a esse número eventuais novas embarcações da Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras, e a renovação de frota da Marinha do Brasil, os estaleiros teriam carteira capaz de garantir pelo menos quatro anos de atividades.
Pedro Cavalcanti, professor da escola de pós-graduação em economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), não vê sentido em retomar a política de incentivos com fixação de 70% de conteúdo local mínimo. Para ele, a política apenas estabeleceu quantidades, sem metas de produtividade, atrasando a inovação. A partir do governo do ex-presidente Michel Temer, o percentual mínimo de conteúdo nacional foi fixado entre 18% e 50% e é firmado nos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP). “Um conteúdo local mínimo de 70% não gera inovação, talvez seja necessário estudar incentivos em parte da cadeia”, salientou. Fontes da indústria concordam que não há espaço para a retomada nos moldes anteriores.
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), David Bacelar, diz que a contratação, pela Petrobras, da construção de 14 plataformas na Ásia significa a “exportação” de 1,5 milhão de empregos. Recentemente, a Petrobras realizou licitação internacional para construir duas plataformas (P-80 e P-82), vencida pela cingapuriana Keppel Shipyard. O plano de negócios da Petrobras para o período 2022-2026 indica que estão em construção 12 navios-plataforma e há uma unidade em fase de licitação. Embora seja intensivo no uso de mão de obra, o setor depende de profissionais qualificados, capazes de garantir alta produtividade. Esse foi outro dos problemas enfrentados pelos novos estaleiros nos anos 2000. No auge do setor, em 2014, foram criados mais de 82 mil empregos.