O estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh, iniciou nesta quinta-feira (10) uma eleição legislativa que será um teste para o primeiro-ministro nacionalista Narendra Modi, em um momento de desemprego, inflação em alta e da pandemia de covid.
As pesquisas indicam a probabilidade de o Partido Bharatiya Janata (BJP), de Modi, conservar a maioria na assembleia de Uttar Pradesh, de 403 membros, algo que nenhum partido consegue desde 1985, e inclusive de ampliar sua vantagem.
O estado, na região norte do país, enfrenta o declínio econômico da Índia. O BJP quer demonstrar que ainda tem influência em Uttar Pradesh, estado com mais de 200 milhões de habitantes – população equivalente a do Brasil.
Uma vitória no estado fortaleceria o BJP antes das eleições nacionais de 2024, quando o partido buscará a terceira vitória consecutiva sob o comando de Modi, de 71 anos.
Em Uttar Pradesh, o BJP é liderado pelo ministro-chefe Yogi Adityanath, um monge hindu, cujo carisma e oratória rendem simpatizantes e críticos na mesma medida.
Adityanath, de 49 anos, foi acusado de provocar divisões religiosas para atrair os hindus, que representam 80% dos eleitores do estado.
Em uma entrevista concedida à agência de notícias ANI na quarta-feira, Modi disse que confia em uma vitória de seu partido em Uttar Pradesh e em outros quatro estados menores que também organizam eleições regionais.
“O BJP sempre sai vitorioso graças a seus representantes em exercício”, disse o primeiro-ministro, antes de completar: “O povo de Uttar Pradesh nos aprovará em 2022 por nosso trabalho”.
Empregos perdidos
O principal rival do BJP é o Partido Samajwadi (socialista), liderado por Akhilesh Yadav, que tenta aproveitar o descontentamento com a perda de empregos e o aumento dos preços desde que a primeira onda da pandemia afetou o país em 2020.
“O governo deve lidar com o que aconteceu durante a pandemia de covid nos últimos dois anos. Muitos foram afetados e têm perdas. As empresas sofreram o impacto. Empregos foram perdidos”, declarou Amit Pratap Singh, um eleitor de 48 anos.
Em uma tentativa de recuperar espaço, o BJP prometeu que pelo menos um membro de cada família teria um posto de trabalho e energia elétrica gratuita para os agricultores, um eleitorado importante.
“Vi o bom governo. Yogi (Adityanath) trabalhou bem e deve permanecer”, afirmou Sandeep Sharma, de 46 anos, um eleitor do distrito de Ghaziabad.
Adityanath confirmou sua retórica radical hindu durante a campanha de reeleição e provocou a revolta e os temores da minoritária população muçulmana do estado (20%).
De acordo com a imprensa indiana, mais de 100 supostos criminosos, em sua maioria muçulmanos e dalits, foram vítimas de execuções extrajudiciais por parte da polícia de Uttar Pradesh durante seu governo, uma acusação que Adityanath nega.
O estado foi um dos mais afetados pelos protestos violentos do fim de 2019 contra a emenda da lei indiana de cidadania, considerada antimuçulmana e imposta pelo governo federal.