O líder do MDB na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), é o deputado mais cotado para assumir a liderança do governo Lula na Casa. Mas ele tem sido aconselhado por parte do Centrão a rejeitar o cargo caso receba o convite. Um dos aliados contrários à empreitada chegou a dizer ao parlamentar que “esse barco vai afundar”, em referência à gestão petista. A queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou mais evidente nas últimas pesquisas, tornou mais difícil para o Palácio do Planalto convencer deputados e senadores a se associarem a Lula.
Outro nome considerado para representar o governo na Câmara é o do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff. Mas interlocutores afirmam que ele dificilmente aceitaria o posto sem ter um canal direto de comunicação com o presidente da República. Nesse terceiro mandato, Lula está mais isolado que nos anteriores e pouco recebe aliados em seu gabinete. Além disso, o petista não tem celular próprio.
O atual líder do governo na Câmara é José Guimarães (PT-CE), entretanto, ele pode ser deslocado para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso. A pasta é ocupada por Alexandre Padilha, que tende a substituir Nísia Trindade na Saúde. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), é outro que pode assumir a SRI nessa “dança das cadeiras”. Isnaldo e Aguinaldo também foram citados para o ministério, mas Lula tem dado sinais de que prefere manter o cargo com o PT.
Como mostrou a Coluna do Estadão, a base aliada tem feito uma avaliação nos bastidores de que Lula padece do mesmo mal do ex-presidente Jair Bolsonaro na articulação política ao se cercar apenas de correligionários no Palácio do Planalto. Com isso, só ouve a voz do próprio partido e não tem noção do termômetro real do Congresso e das ruas. Desde o início do governo, o Centrão viu como um erro a liderança do governo ficar nas mãos do PT, mas agora esses parlamentares têm também pensado duas vezes antes de embarcar na canoa governista.
Isnaldo, como mostrou a Coluna do Estadão, chegou a ser chamado de “líder dos líderes” nesta nova legislatura na Câmara, pela proximidade com o novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele é visto como uma espécie de “braço direito” do paraibano, o que poderia facilitar a vida do governo caso ele assuma algum cargo ligado ao Planalto.