Na disputa ao Planalto, Michelle Bolsonaro e Janja, mulheres dos principais candidatos às eleições presidenciais, ocupam espaços de destaque com direito a discursos e declarações públicas.
Conforme matéria de Leíse Costa, do jornal O Tempo, apesar de atuações que atendem demandas diferentes das campanhas, a cientista política e coordenadora de pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Denilde Holzhacker, destaca que a participação das parceiras, no geral, atrai o voto feminino e aumenta a associação do político à imagem familiar.
“As primeiras-damas têm um significado importante nas campanhas, principalmente para um eleitorado muito grande: 52% dos eleitores são mulheres. Em geral, elas trazem debates sobre a questão social. Por outro lado, conecta o eleitor com o lado familiar e pessoal do candidato”, diz.
Apesar da “primeira-dama” não ser um título oficial e não carregar prerrogativas ou direitos exclusivos, ela pode exercer um papel de destaque na administração dos cônjuges e na captura de possíveis capitais políticos com sucesso.
“Evita Perón, Jackie Kennedy, Carla Bruni são alguns exemplos pelo mundo. No Brasil, a própria Michelle Bolsonaro em 2018 e Ruth Cardoso, que, como antropóloga, colaborou com Fernando Henrique Cardoso na imagem de intelectual”, lembra Gabriel Rossi, sociólogo e professor de marketing político.
No caso de Jair Bolsonaro (PL), o grande ativo para quebrar a alta rejeição do público feminino é a presença de Michelle em seu palanque. A mais recente pesquisa DATATEMPO, realizada entre os dias 15 e 20 de julho, mostra o tamanho do desafio: 56,4% das mulheres declararam “não votar de jeito nenhum” em Bolsonaro, enquanto para Lula (PT) essa rejeição feminina cai para 37,1%.
Na convenção do PL que oficializou a candidatura à reeleição de Bolsonaro, Michelle discursou por 12 minutos com falas carregadas de referências cristãs. A participação dela busca repetir uma estratégia que deu certo na eleição anterior.
“A Michele teve um papel na redução da rejeição das mulheres ao Bolsonaro em 2018, principalmente, pelas evangélicas. E ela continua importante, atuando como o meio que Bolsonaro tem para se aproximar cada vez mais do público evangélico”, reforça Rossi.
A assessoria de Bolsonaro respondeu que o tamanho da atuação da primeira-dama na campanha ainda está em definição.
Janja simboliza fala de recomeço de Lula
Outra companheira protagonista é Rosângela da Silva, a Janja. A socióloga é a terceira mulher do ex-presidente Lula e dá força ao discurso sobre “recomeço” após o período em que o petista ficou preso. “A Janja, além de consolidar o voto feminino, que é uma margem de vantagem importante do Lula, traz o simbolismo de recomeçar, de jovialidade e de disposição para construir uma família. Isso é importante também”, diz Rossi.
No caso petista, Denilde acredita que a campanha pode dosar os holofotes em Janja para evitar comparações com Marisa Letícia, ex-primeira-dama que morreu em 2017. “Como a Janja é uma pessoa 20 anos mais jovem, traz uma vitalidade para a figura dele, mas tem que ser mediada, dado que Marisa Letícia tinha um papel muito discreto”, explica.
Sobre a contribuição de Janja, a assessoria de Lula disse que a socióloga acompanha praticamente todos os eventos do petista.