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A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a socióloga Rosangela Silva, a Janja, casada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, intensificaram a participação na campanha dos seus respectivos maridos na caça ao voto feminino. Temas como os direitos das mulheres e as políticas públicas voltadas a elas ganharam força nos último dias, conforme Jeniffer Gularte e Jussara Soares, do O Globo.
A campanha do candidato à reeleição agora trabalha para mostrar que Bolsonaro respeita as mulheres, enquanto o petista deve reforçar o discurso de que o adversário não respeita as brasileiras, segmento da população no qual o presidente enfrenta forte rejeição: 54% contra 33% de Lula, de acordo com o Datafolha.
Tratada como principal ativo para reverter esse quadro, Michelle deverá fazer novas gravações para o programa eleitoral do presidenciável do PL. Além disso, o marketing da campanha tem explorado imagens de arquivo do casal. A avaliação é que ela suaviza a imagem de Bolsonaro, tido por parte do eleitorado como um personagem rude.
A primeira-dama participou pela primeira vez de uma inserção na TV exibida ontem. O alvo da gravação foram as moradoras do Nordeste, região em que Lula costuma obter o melhor desempenho. No vídeo, ela cita a “mulher sertaneja”.
— A água chegou ao sertão. Trouxe vida, alegria e esperança. A mulher sertaneja, que carregava lata d’água na cabeça, agora pode usar a sua força para voltar à escola ou para tirar o alimento que está brotando na terra. Tem mais tempo para ficar com a família, com os filhos e viver uma nova vida.
O plano é que ela tenha agendas próprias com mulheres Brasil afora. Nesta terça-feira, por exemplo, Bolsonaro recebeu, ao lado de Michelle, um grupo de cantoras gospel no Palácio da Alvorada. No próximo sábado, o casal vai participar de um evento com mulheres em Nova Hamburgo, no Rio Grande do Sul, ao lado de Heloísa Bolsonaro, casada com o deputado federal e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Do outro lado da corrida presidencial, Janja assumiu um papel de protagonismo na campanha petista. Ela tem opinado sobre políticas públicas voltadas às mulheres que integrarão o programa de governo do marido. Defendeu, por exemplo, que as brasileiras voltem a se tornar a referência para o pagamento do Bolsa Família, ou seja, elas seriam as titulares para o recebimento do benefício. Também tem opinado em temas como segurança alimentar, empoderamento feminino e violência contra mulher.
Janja intensificou as agendas solo. No primeiro dia de campanha, se reuniu com um grupo de mulheres em Heliópolis, em São Paulo. Na última semana, partiu dela a ideia de marcar uma caminhada com candidatas no centro do Rio. No ato, discursou e prometeu resinificar o conceito de primeira-dama do país, para ser o que ela definiu como “primeira-companheira”. No último domingo, enquanto Lula se preparava para o debate, organizou um “toalhaço” com outros militantes na Avenida Paulista, em que vários participantes empunhavam toalhas com a imagem do petista.
— Janja terá um novo perfil de primeira-dama. Ela não chegou agora como militante, não é uma boneca — afirma a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) sobre a correligionária, filiada ao PT desde os 17 anos.
Mesmo sem ocupar cargos na executiva do PT, Janja participa das reuniões da coordenação de campanha, ao lado dos dirigentes partidários das dez siglas que compõem a aliança do ex-presidente. As agendas do marido passam por um filtro da companheira, que observa se haverá horários de descanso para o petista.
A socióloga também tem dado pitacos sobre a estratégia de comunicação. Além disso, recentemente, ela abriu seu perfil no Instagram, onde tem mostrado a rotina do casal. Nas publicações, exibe cenas de Lula na intimidade, na tentativa de consolidar uma imagem mais espontânea e menos plastificada da que o ex-presidente é apresentado nas suas redes socais oficiais, uma crítica feita pelos próprios integrantes da equipe de comunicação.
Assim como os estrategistas de Bolsonaro e Lula, a campanha de Ciro Gomes (PDT) aposta na participação da mulher do presidenciável, Giselle Bezerra, para suavizar a imagem do presidenciável, conhecido pelo temperamento forte. Ela marca presença nos materiais publicitários de Ciro desde a pré-campanha. Ele apresenta os programas eleitorais do marido e costuma acompanhá-lo em grande parte das agendas.
