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segunda-feira 21 de janeiro de 2019 às 08:01h

Especialistas descartam pretensão autoritária em militares no governo

DESTAQUE, POLÍTICA


Historiadores ouvidos pela reportagem afirmam não ver na maior participação de militares no governo de Jair Bolsonaro uma tentativa de ruptura do regime democrático.

Reportagem da Folha de S.Paulo neste último domingo (20) mostrou que integrantes das Forças Armadas nomeados ou prestes a serem nomeados no Executivo já passam de 45, espalhados por 21 áreas – da assessoria da presidência da Caixa Econômica ao gabinete do Ministério da Educação.

O número cresce a cada dia e, para os especialistas, é o mais significativo desde a redemocratização. Para Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos do Rio Grande do Sul e estudioso dos regimes militares na América do Sul, hoje “o equilíbrio, para observância aos princípios democráticos, está vindo dos militares”.

“Depois da ditadura, os militares fizeram um esforço para limpar sua imagem. Eles não querem que ela se perca assim, estão segurando o rojão”, afirma Krischke.

A historiadora e cientista política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Heloisa Starling, que atuou na Comissão Nacional da Verdade, diz que o número tão grande de militares no Executivo é “muito pouco usual numa democracia”, mas não indica automaticamente “uma pretensão autoritária”.

A preocupação maior, segundo ela, é falta de formação desse grupo para a política. “Não basta ser honesto. O que está em jogo é como gerir a coisa pública para produzir o bem comum.E isso não faz parte do treinamento dos militares”, diz a professora.

Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), atribui a presença militar ao fato de as Forças serem atualmente o grupo conservador mais organizado do país.

Ao mesmo tempo, “o despreparo e a inexperiência” do grupo político de Bolsonaro também ajudam a entender essa configuração.

“Em muito pouco tempo, considerada a eleição, esses parlamentares já produziram inúmeros problemas, alguns graves. Curiosamente, os militares no governo têm servido como referência de algum bom senso, o que indica que este governo poderá ser tutelado por eles”, afirma.

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