Segundo a Agência Federal de Emprego, ano de 2022 registrou escassez em 200 das cerca de 1.200 profissões avaliadas — e não há sinais de melhora a médio prazo.A Agência Federal de Emprego em Nuremberg, na Alemanha, acaba de publicar sua análise da escassez de mão de obra qualificada em 2022 — e alguns resultados são assustadores. Em um ano, o número de profissões afetadas pela escassez aumentou 25%.
Houve escassez de profissionais de enfermagem, motoristas, assistentes médicos, bem como no setor de construção, na área de creches, engenharia automotiva e TI. Em comparação com o ano anterior, entraram na lista os serviços de hotelaria e gastronomia, construção metálica e condução de ônibus.
Para a chamada “análise da escassez de mão de obra”, a Agência Federal de Emprego examinou cerca de 1.200 profissões, avaliando-as com base num total de 14 indicadores. Considera-se que há escassez numa determinada ocupação quando pelo menos seis indicadores apontam predominantemente para um gargalo. Eles incluem, por exemplo, o tempo levado para preencher os cargos anunciados, a taxa de desemprego específica do trabalho em questão e a evolução da remuneração na profissão.
Muitos empregos para poucos trabalhadores qualificados
Segundo a Agência Federal de Emprego, o início de 2022 era promissor. Os gargalos na oferta pareciam estar se dissolvendo e as consequências da pandemia haviam sido superadas em muitas áreas. O ataque da Rússia à Ucrânia, porém, em fevereiro de 2022, foi um evento decisivo, levando muitos a deixarem solo ucraniano em busca de refúgio na Alemanha, entre outros lugares.
Tais desdobramentos também foram sentidos no mercado de trabalho. Com a chegada dos cidadãos ucranianos, o segundo semestre de 2022 registrou um aumento no desemprego. Ainda assim, a demanda das empresas por novos trabalhadores continuou crescendo e o número de vagas atingiu o recorde de quase dois milhões.
A escassez de trabalhadores qualificados não é um fenômeno novo. Já em abril, o Centro de Competência para a Garantia de Mão de Obra Qualificada (Kofa) do Instituto de Economia alemão (IW) soou o alarme. Segundo o órgão, que atua a serviço dos empregadores, mais de 630 mil vagas para trabalhadores qualificados não puderam ser preenchidas no ano passado porque em todo o país não havia desempregados devidamente qualificados disponíveis.
Basicamente, quanto maior a qualificação exigida, mais difícil é o preenchimento das vagas — essa é a regra no mercado de trabalho de hoje, dizem os especialistas do IW.
Segundo a análise da Agência Federal de Emprego, não há evidências, no momento, de uma escassez geral de trabalhadores. Em várias ocupações, a oferta de mão de obra disponível inclusive excede significativamente a demanda. A comparação com anos anteriores, no entanto, aponta para uma escassez crescente de trabalhadores qualificados, o que se reflete num aumento significativo no número de ocupações com escassez.
O órgão alemão identificou escassez em categorias como profissionais de enfermagem e da área de saúde, profissões que envolvem habilidades manuais especializadas, na área de vendas — especialmente no comércio de alimentos —, bem como na gastronomia e entre motoristas profissionais.
Também há gargalos de educadores e profissionais de fisioterapia e terapia ocupacional, além de vagas no setor de TI e em tecnologia elétrica e de comunicação. E faltam ainda profissionais dos setores de medicina, farmácia, serviço social, construção civil (arquitetos e engenheiros civis) e docência (em escolas de formação profissional). Além disso, o aumento da digitalização acabou agravando a escassez no setor de desenvolvimento de software.
Apenas pequenas diferenças locais
Em 2022, não faltou mão de obra qualificada nem na área de engenharia mecânica, nem em engenharia industrial. Em vários estados, no entanto, há sinais que podem se agravar nos próximos anos.
Especialistas nos setores automotivo, aeroespacial e de construção naval são escassos em todos os estados. Também pessoas com empregos no setor de tecnologia de energia desempenham um papel importante na planejada transição energética na Alemanha: em 2022, havia uma escassez de técnicos de energia qualificados em todos os estados alemães.
Em profissões de enfermagem, os gargalos são sentidos em todo o país há anos, sem previsão de alívio a médio prazo, sobretudo no contexto da evolução demográfica no país. Na medicina e na terapia não médica, os gargalos se encontram principalmente nas áreas de fisioterapia, ergoterapia e fonoaudiologia. Em 2022, não havia um único estado em que não houvesse gargalo.
Nenhuma melhora à vista
No país todo, o ano de 2022 também registrou um gargalo nas profissões de construção civil e engenharia civil. Na diferenciação por estado, porém, pequenos desvios puderam ser observados, como nas ocupações da construção civil em Berlim-Brandenburgo. Arquitetos e engenheiros civis, por sua vez, estão em falta em todo o país.
Na área de especialistas em TI, os gargalos já são evidentes em todo o país há anos e nada deve mudar no futuro próximo. Em vez disso, tudo indica que a demanda provavelmente aumentará ainda mais. Em 2022, houve gargalos na área de desenvolvimento e programação de software.