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quarta-feira 20 de junho de 2018 às 07:36h

‘Erro de comunicação’ teria gerado confusão sobre CPI da Lava Jato, dizem deputados

DESTAQUE, NOTÍCIAS


Quando o texto para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Operação Lava Jato foi lançado, atraiu 190 assinaturas de deputados federais dos mais diversos partidos.

O cenário mudou no Congresso e, nesta última terça-feira (19), pelo menos 48 parlamentares pediram a remoção das suas assinaturas da relação.

O pedido é contra o regimento interno da Câmara Baixa e a alegação para a retirada, de acordo com o que foi ouvido pelo deputado Cacá Leão (PP), está relacionada à dubiedade de um dos parágrafos do texto. “O último parágrafo [da proposta] foi escrito de uma forma e apresentado para os deputados de outra na hora de recolher as assinaturas nos corredores”, falou Cacá, que assinou a proposta, mas que pretende rever o texto.

Para o líder petista no Congresso e autor da proposta, Paulo Pimenta (PT), que articulou o recolhimento de assinaturas para a instalação da CPI, as desistências são sinais de covardia parlamentar diante da pressão da opinião pública e de grupos ligados a procuradores e juízes que comandam a operação.

O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT) preferiu não comentar a “covardia” citada por Pimenta, mas garante que vai retirar seu nome da relação dos apoiadores da comissão. “Existe a interpretação [do texto] para derrubar a Lava Jato e não sou a favor disso. Sou a favor das apurações”, comentou Félix.

O pedetista falou em verificar com mais cuidado a proposta e reforçou a hipótese de “erro de comunicação” na hora de recolher as assinaturas.

Outro baiano, Roberto Britto (PP), revelou que assinou, mas não viu direito o que estava assinando. “Segui uma orientação do partido”, confessou. O parlamentar também vai aguardar orientações para saber como procederá. Do partido do autor da proposta, o deputado Afonso Florece (PT) ponderou ao dizer que a Comissão não pretende esvaziar a Lava Jato, mas sim investigar o uso de delações em processos. “Existem várias acusações de abuso no uso de delação premiada. Há indícios sobre a delação premiada com leniência de criminosos que estão multimilionários, mas que pagaram valores irrisórios com base em testemunho sem prova. A CPI é um processo investigatório. A dizer que, a princípio, ela protege delatores é fugir dos debates”, explicou Florence.

Se for instalada, a comissão vai proceder investigações, colher depoimentos e juntar documentos sobre o uso de delações. “Eu acho que existe precipitação de natureza eleitoral no movimento de desistência que temos visto”, explicou o petista. Alvo de confusão, a ementa da proposição diz que a finalidade das investigações é de estudar “as denúncias de irregularidades feitas contra Antônio Figueiredo Bastos, inclusive envolvendo escritórios de advocacia, ocorridas no âmbito da Operação Lava Jato”.

Sobre o recorte, o baiano parlamentar Daniel Almeida (PCdoB) – que também está entre os nomes que endossam o pedido da CPI – acredita que a investigação é necessária. “Vários fatos justificam a investigação sobre os procedimentos de procuradores e juízes [da Lava Jato]. Esses questionamentos são levantados pela sociedade e há muitas suspeitas sobre a motivação de chamamentos adotados pelos setores do Ministérios Público e juízes”, explicou o comunista brasileiro.

Com a provável retirada de Félix e o pedido já apresentado por José Rocha (PR), 18 baianos ainda aparecem na relação dos apoiadores à criação da comissão: Afonso Florence (PT), Alice Portugal (PCdoB), Bacelar (Podemos), Bebeto (PSB), Cacá Leão (PP), Caetano (PT), Daniel Almeida (PCdoB), Elmar Nascimento (DEM), Fernando Torres (PSD), João Carlos Bacelar (PR), Jorge Solla (PT), José Nunes (PSD), José Carlos Araújo (PP), Lúcio Vieira Lima (MDB), Mário Negromonte Júnior (PP), Nelson Pelegrino (PT), Roberto Britto (PP) e Valmir Assunção (PT).

Antes de ser aprovada, a comissão precisa da chancela do presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM).

 

Por Lucas Arraz

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