Equipes de resgate estão implementando novos esforços para desencalhar o Ever Given, navio cargueiro que está bloqueando o Canal de Suez desde terça-feira (23). O Canal liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, e é uma das rotas de navegação mais importantes do mundo: cerca de 12% do comércio global passam por ali.
A equipe de resgate, de 14 navios rebocadores, está tentando aproveitar a maré alta para remover a areia e a lama ao redor da proa do navio. Eles removeram cerca de 20 mil toneladas de areia. Mas a medida não foi suficiente até o momento.
Mais rebocadores chegaram na manhã deste domingo (28). Se não houver êxito, equipes de resgate devem tentar uma nova alternativa: deixar o navio mais leve removendo alguns dos contêineres que o navio carrega. Esta opção, no entanto, pode ser ainda mais demorada.
O presidente da Câmara de Navegação do Reino Unido, John Denholm, afirmou que a transferência da carga para outro navio ou para a margem do canal envolveria trazer equipamentos especializados, incluindo um guindaste que precisaria ter mais de 60 metros de altura.
“Se seguirmos essa estratégia de deixar o navio mais leve, suspeito que o tempo para o desencalhe seja de semanas”, disse Denholm.
Segundo o presidente da SCA (Suez Canal Authority, empresa que administra a passagem), Osama Rabie, a parte traseira do navio havia começado a se mexer na sexta-feira (26) à noite, quando 9.000 toneladas de água armazenada nos tanques foram liberadas. O leme e a hélice voltaram a funcionar, mas fortes marés e ventos tornaram a operação mais difícil.
Os primeiros relatos diziam que o navio, que tem 400 metros de extensão e 200 mil toneladas, bateu na margem em meio a fortes ventos e uma tempestade de areia que afetaram a visibilidade. Rabie, porém, afirmou que as condições meteorológicas não foram “os principais motivos” para o acidente. “Pode ter havido problemas técnicos ou erro humano”, disse, sem dar detalhes.
A cada dia em que toda a navegação pelo trecho segue suspensa há impacto de mais de US$ 9 bilhões em mercadorias, de acordo com estimativa do Lloyd’s List, publicação especializada em comércio marítimo.
Efeitos indiretos na indústria marítima podem incluir um agravamento da escassez de contêineres, já causada pelo coronavírus, problemas para o comércio de petróleo e um aumento do número de atrasos nos portos, segundo a publicação.