Na busca pelos melhores recursos científicos para serem usados contra a Covid-19, a corrida contra o tempo é fator decisivo e de extrema importância. Um dos resultados do trabalho da Força Aérea Brasileira (FAB) nesse sentido é o equipamento que identifica a presença do coronavírus no ar. A inovação, que deve ser finalizada em sete semanas, é desenvolvida nos laboratórios do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (Ita). A universidade pública localizada em São José dos Campos, São Paulo, é subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
O novo aparelho foi projetado a partir de tecnologia usada em equipamento que monitora nuvens radiológicas e detecta se há radiação na área. Com essa inovação será possível monitorar áreas de 50 metros quadrados e indicar possíveis riscos de contaminação do vírus nesses espaços. O protótipo da invenção ainda não recebeu nome, mas está em construção.
Essa não é a primeira ação do ITA para auxiliar no enfrentamento à pandemia. A universidade colocou conhecimentos acumulados ao longo de décadas à disposição da sociedade brasileira. Por intermédio de seu Centro de Competência em Manufatura (CCM), a instituição de ensino superior disponibilizou um guia de fabricação de equipamento de proteção individual baseado em normas e regulamentações. O manual traz informações relevantes, tanto para quem precisa quanto para quem quer contribuir com a fabricação e a doação dos equipamentos O guia traz regulamentação e dicas de processo de impressão 3D.
Peças para respiradores
O CCM do Ita atualmente produz máscaras de proteção, com impressoras 3D e injeção, em parceria com empresas. Além disso, confecciona peças para respiradores a serem utilizados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
“As peças feitas para os respiradores do Hospital da Aeronáutica de São José do Campos foram feitas e testadas com sucesso. Estamos, agora, fazendo testes com peças confeccionadas tanto em nylon quanto em aço para as válvulas que quebraram do Hospital Ipiranga, em São Paulo”, informa o professor Carlos César Aparecido Eguti, da área de mecatrônica do CCM. Ele adianta que “os testes foram bem sucedidos, e continuaremos executando a produção”.
Lavatório portátil
A Divisão de Engenharia Civil desenvolveu o Lavatório Autônomo de uso Compartilhado, batizado de Lavac. A iniciativa facilita a higienização das mãos em locais públicos, prevenindo a contaminação e disseminação do novo coronavírus.
O projeto surgiu a partir da demanda do Pró-Reitor de Administração do Ita, coronel Luiz dos Santos Alves, que vislumbrou o uso de lavatórios móveis na volta às aulas presenciais do Instituto, ainda sem data definida. O protótipo do Lavac foi utilizado na cerimônia de celebração dos 70 anos de criação do Instituto, no mês de maio.
O projeto do lavatório foi executado pelo engenheiro Rodolfo Belasco, técnico da Divisão, e pela tenente engenheira Dafne de Brito, instrutora do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, sob coordenação da capitão engenheiro Mayara Murça, que é chefe da Divisão.
O lavatório portátil foi idealizado para locais com pouca ou nenhuma infraestrutura permanente. Não precisa estar conectado a qualquer equipamento ou fonte de energia. O aparelho ainda possui estrutura compacta sob rodas, que facilita o transporte.
As facilidades são muitas: o acionamento da torneira por pedal evita o uso da mão no equipamento, além de reduzir o consumo de água. O dispenser de sabão também possui alavanca, podendo ser acionado com o cotovelo. O protótipo pode ser usado por quatro usuários simultaneamente e tem capacidade para ser acionado 600 vezes.
De acordo com a Assessoria de Comunicação do Ita, embora o projeto tenha surgido para prevenir a contaminação no Ita, a iniciativa pode ser levada para as demais organizações militares do campus e para a sociedade em geral. Como as aplicações do Lavac no âmbito do Comando da Aeronáutica não se limitam à higienização, o lavatório pode servir de suporte no ambiente operacional em exercícios de campanha ou missões de conflito.
A intenção também é dar continuidade ao projeto. A ideia da Instituição é estudar tecnologias para criar um sistema de reuso da água, de forma a aumentar a capacidade do lavatório projetado inicialmente.
Operação Covid-19
O Ministério da Defesa ativou, em 20 de março, o Centro de Operações Conjuntas, para atuar na coordenação e no planejamento do emprego das Forças Armadas no combate à Covid-19. Foram ativados dez Comandos Conjuntos, que cobrem todo o território nacional, além do Comando Aeroespacial (Comae), de funcionamento permanente. A iniciativa integra o esforço do Governo Federal no enfrentamento à pandemia que recebeu o nome de Operação COVID-19.
As demandas recebidas pelo Ministério da Defesa, de apoio a órgãos estaduais, municipais e outros, são analisadas e direcionadas aos Comandos Conjuntos para avaliarem a possibilidade de atendimento. De acordo com a complexidade da solicitação, tais demandas poderão ser encaminhadas ao Gabinete de Crise, que determinará a melhor forma de atendimento.