O governo do Equador anunciou no domingo (12) que retirou quase 800 corpos corpos de pessoas que morreram em suas residências nas últimas semanas em Guayaquil, epicentro do coronavírus no país, após o colapso dos hospitais e das funerárias pela pandemia.
“A quantidade que coletamos, com a força-tarefa nas casas, excedeu 700 pessoas” mortas, disse Jorge Wated, que lidera uma equipe de policiais e militares criada pelo governo diante do caos desencadeado em Guayaquil pela COVID-19.
Ele informou em sua conta no Twitter que a força-tarefa conjunta, que atua há três semanas, fez o balanço legal de 771 mortos em residências e 631 em hospitais, que têm os necrotérios lotados.
As autoridades, que agora enfrentam denúncias de pessoas que exigem os corpos de parentes mortos durante a pandemia, supultaram quase 600 vítimas fatais da doença.
Wated não detalhou as causas das 1.400 mortes ocorridas durante a emergência sanitária pela pandemia, que no Equador deixa 7.500 casos, incluindo 333 mortes segundo o balanço oficial, desde que a presença do vírus foi declarada em 29 de fevereiro.
O balanço oficial sobre a situação provocada pelo coronavírus no país, onde o primeiro caso correspondeu a uma migrante equatoriana que retornou da Espanha, também detalha até domingo outros 384 casos de pessoas que provavelmente morreram vítimas do vírus, mas que não foram submetidas a teste em vida, nem seus corpos foram objetos de autópsias para determinar um possível contágio.
A província costeira de Guayas concentra 72% dos infectados. E em sua capital, Guayaquil, existem cerca de 4.000 pacientes, segundo o governo nacional.
Há três semanas, as forças militares e policiais começaram a remover corpos das casas após falhas no “sistema mortuário” do porto de Guayaquil, o que causou atrasos no instituto médico legal e nas funerárias em meio ao toque de recolher diário de 15 horas que governa o país.
Diante da situação, os moradores de Guayaquil transmitem vídeos de corpos abandonados nas ruas e mensagens de ajuda de parentes para enterrar seus mortos nas redes sociais.
O governo equatoriano também assumiu a tarefa de enterrar os corpos devido à incapacidade de seus parentes em fazê-lo por várias razões, inclusive econômicas.
De Guayaquil, em uma coletiva de imprensa virtual, Wated apontou que os corpos de 600 pessoas identificadas foram enterrados em dois cemitérios da cidade.
Há quase duas semanas, Wated antecipou que “os médicos infelizmente estimam que as mortes nesses meses cheguem entre 2.500 a 3.500 por COVID, apenas na província de Guayas”.