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sexta-feira 23 de agosto de 2024 às 11:53h

Enxurrada de informações falsas sobre a mpox após alerta da OMS

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A epidemia de mpox na África e a declaração do surto como emergência internacional de saúde pública pela OMS desencadearam uma avalanche de falsas informações com tons homofóbicos e conspirativos.

– Sem relação com herpes nem com a vacina anticovid

Em um vídeo traduzido para vários idiomas e compartilhado no X, um médico alemão conhecido por suas posições contrárias às vacinas afirma que os sintomas da mpox são os mesmos que os da herpes zóster ou cobreiro.

O médico, Wolfgang Wodarg, acrescenta que esta suposta epidemia de herpes zoster também seria um efeito colateral da vacina contra a covid e que a indústria farmacêutica apenas tenta assustar as pessoas com fins comerciais.

Isto é falso, para começar porque a mpox, ou varíola dos macacos, identificada na década de 1970 em uma criança na atual República Democrática do Congo (RDC, antigo Zaire), é muito mais antiga do que as vacinas contra a covid.

Em segundo lugar, porque é um vírus zoonótico, de origem animal, da família dos poxvírus, enquanto a herpes zoster é uma reativação do vírus varicela zoster, pertencente à família da herpes.

Os sintomas também são diferentes, pois a herpes provoca lesões menores que geram dores intensas características.

– A mpox não afeta apenas homossexuais

Nas redes sociais, há quem se tranquilize afirmando que a mpox afeta apenas homossexuais em mensagens homofóbicas que consideram suas práticas “repugnantes”.

Mas, como explica à AFP Richard Martinello, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Medicina de Yale (EUA), “não existe nenhuma doença infecciosa no mundo cuja transmissão se limite à orientação sexual. É o contato íntimo, pele com pele, o que pode causar a propagação da mpox, e não a orientação sexual”.

O vírus é transmitido pelo contato com o fluido infectado das bolhas do paciente, lembra o médico Antoine Gessain, especialista na doença do Instituto Pasteur, na França.

As crianças podem ser infectadas “através do contato com a pele” de outra pessoa e, no caso da epidemia de mpox na República Democrática do Congo, no final de 2023, a doença se espalhou através de heterossexuais com múltiplos parceiros, lembra o dr. Gessain.

– Não existe um tratamento milagroso

Uma tese de conspiração muito repetida no YouTube e no Facebook afirma que existe um medicamento japonês muito eficaz contra a mpox, chamado Tranilast, mas que nunca será comercializado porque é muito barato.

No entanto, o Tranilast, aprovado em 1982 na China e no Japão contra a asma, nunca foi objeto de estudos clínicos em humanos contra a mpox. Portanto, dizer que é eficaz contra essa doença é uma falácia.

A vacinação, a conscientização das pessoas em risco e o isolamento dos casos de contato, permitiram controlar a epidemia de mpox de 2022.

– A OMS não ordenou e não pode ordenar confinamentos

“A OMS manda os governos se preparem para ‘longos confinamentos’ devido à cepa mortal da ‘varíola dos macacos’”, alerta um internauta, que se refere à tese da “plandemia”, um neologismo usado por conspiradores para descrever uma pandemia planejada.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não tem competência para impor “qualquer tipo de confinamento”, confirmou a entidade à AFP.

“Como organização científica e técnica, a OMS presta aconselhamento técnico e apoio aos seus 194 Estados-membros” e “cada país é soberano nas decisões e ações relacionadas à saúde de suas populações”, acrescentou.

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