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domingo 17 de dezembro de 2023 às 20:23h

Entrevista: ministros vão ter que ‘compensar’ saída de Dino no embate com bolsonarismo, diz Paulo Pimenta

NOTÍCIAS, POLÍTICA


À frente da Secretaria de Comunicação Social (Secom), o ministro Paulo Pimenta diz que seus colegas de Esplanada terão que se desdobrar para compensar a ida ao Supremo Tribunal Federal (STF) de Flávio Dino (Justiça), até aqui o representante do governo que capitaneava os embates com o bolsonarismo.

No momento em que pesquisas de opinião indicam sinais de desgaste na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, Pimenta revela que o Executivo vai mudar a estratégia digital e contratar serviços para impulsionar conteúdo nas redes sociais.

O ministro critica em entrevista Bruno Góes e Alice Cravo, do O Globo, a lentidão do X (ex-Twitter) para retomar o perfil da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, após o ataque hacker que ela sofreu na última semana e diz que as plataformas precisam ser responsabilizadas e melhorar a governança.

O ministro Flávio Dino (Justiça) também tem um papel na comunicação do governo, no embate com o bolsonarismo. Quem vai assumir essa função?

Quando um time perde um jogador com a qualidade do Flávio Dino, cada um dos outros jogadores vai ter que jogar um pouquinho mais para poder compensar. Ele é um quadro político excepcional, experiente, qualificado e corajoso. Um porta-voz importante do governo. Essa ausência terá que ser respondida com um pouco mais de desempenho, de entrega, de cada um de nós.

O presidente Lula busca saber o que se passa nas redes?

Ele recebe informação diária, em tempo real, sobre mídia nacional, internacional e conteúdo em redes. O presidente é uma pessoa muito bem informada e tem relação muito objetiva com a informação: é um insumo para o trabalho. Quando a informação é importante para o governo, imediatamente gera uma iniciativa dele.

A live “Conversa com o presidente” será remodelada? A audiência é satisfatória?

Essas plataformas alteram, de forma muito rápida, os algoritmos e priorizam a entrega de outro tipo de produto. Hoje, os vídeos curtos ganharam relevância. Nós aproveitamos, e a centralidade é a produção de pequenos vídeos e cortes (da live). São utilizados e têm grande audiência.

Mas haverá mudanças?

A live é uma oportunidade de chamar a atenção da sociedade e da própria mídia para pautas que nos interessam. A gente vai parar no Natal e Ano Novo. Todo o governo vai aproveitar essa oportunidade para reajustar algumas coisas. Com certeza, o formato será avaliado. Eventualmente, se precisar fazer alguma mudança, vamos fazer.

O hackeamento da conta da primeira-dama Janja no X (antigo Twitter) muda alguma coisa no protocolo das redes sociais do governo?

É responsabilidade das plataformas. Não teremos nenhuma mudança de conduta. Não é possível que com o suporte do governo, da Polícia Federal e com a sensibilidade do papel que ela desempenha, tenha levado uma hora e meia para que a plataforma pudesse agir. Essas redes não podem se omitir.

O que precisa mudar?

Se eu fizer uma transação bancária fora do padrão, o banco na hora acusa. Caso alguém tente entrar na conta fora do IP que é usado, a plataforma bloqueia. Como você permite que uma situação como essa permaneça engajando uma hora e meia? Quanto dinheiro a plataforma ganhou nesse tempo? É preciso que exista uma governança.

A estratégia digital do governo vai mudar?

Não existe na Secom um contrato de publicidade e de produção de conteúdo digital. Qualquer empresa, governo estadual ou prefeitura tem. O edital deve ser publicado na próxima semana e, pela primeira vez, o governo terá condição de ter uma política digital. Fundamentalmente com conteúdo institucional, de serviço.

Como vai funcionar?

Hoje, por exemplo, se eu quero uma comunicação específica sobre vacinação, eu não tenho como fazer um impulsionamento por banco de dados que mostre quais são as crianças que estão atrasadas na vacinação. Se quiser escolher uma campanha sobre a dengue, vou me comunicar com as cidades que têm incidência maior do mosquito.

O objetivo é segmentar?

As tecnologias disponíveis nas plataformas digitais permitem isso: dialogar com um público específico que você quer atingir com determinada informação. A ideia é uma utilização racional e objetiva. Hoje, nós não fazemos impulsionamento institucional, não temos uma política nesse sentido. Só existe uma política publicitária. Não tem na área digital.

O presidente pediu que o PT se empenhe em conversar com as pessoas e ouvir, por exemplo, os evangélicos. Como o senhor acha que o governo tem que agir para conquistar esse eleitorado?

Acho que não é o governo, que faz comunicação institucional. Os partidos da base têm que trabalhar para serem os porta-vozes na sociedade das ações e principais realizações. O ministro não deve ser porta-voz só da área em que atua, tem que dominar todas as principais ações do governo. Quando vai para um estado, ele não vai falar só sobre a área dele. Tem que estar preparado para fazer o debate e mostrar o que a gente está fazendo.

O Ipec, divulgado no fim de novembro, mostrou que a avaliação negativa do governo cresceu. Há um desgaste da imagem?

A gente trabalha com um mix de pesquisas que mostram um cenário de estabilidade. O desenho do país hoje é semelhante ao de quando a eleição terminou. Com todos os institutos. As pesquisas mostram que ainda há um cenário de calcificação, que essa polarização ideológica se manteve. Isso, inclusive, levou à decisão de fazer uma campanha no final do ano para desarmar espíritos. Somos um só país e um só povo e queremos dialogar para reduzir esse nível de polarização.

Houve algumas baixas com a saída de mulheres nos ministérios e na Caixa. Haverá uma compensação?

O presidente Lula tem muita sensibilidade e compromisso com as questões de gênero e raça. É algo que está sempre presente no horizonte dele, na tomada de decisões.

Ele já indicou dois homens ao STF, que agora só tem uma mulher entre 11 ministros…

Ele indicou mulheres para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sempre que o presidente for tomar uma decisão e entender que a indicação de uma mulher poderá ser feita, com certeza ele fará.

Quando o governo vai lançar a TV Brasil internacional?

Quero até março já ter o conteúdo no ar. Será um espaço de divulgação do Brasil, voltado ao turismo e cultura.

Por que Lula não foi à posse de Javier Milei e qual a expectativa sobre a relação com a Argentina?

Nossa relação com a Argentina é estratégica do ponto de vista comercial, econômico e cultural. É nosso maior parceiro na América do Sul, com quem temos laços muito próximos, afetivos e históricos. Não haverá nenhuma mudança. A presença do presidente Lula na posse ou não também envolveu contingência de agenda e outras coisas. Acho que o presidente da Argentina deve ter uma conduta adequada. Se ele tiver interesse de ter um diálogo com o presidente Lula, em primeiro lugar, tem que pedir desculpas. Ofendeu gratuitamente o presidente.

O que achou da carta de Milei a Lula?

Boa. O gesto, com relação à China e ao Brasil, mostra que está descendo do palanque. Achei que ia demorar mais tempo, mas bateu um choque de realidade.

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