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segunda-feira 1 de maio de 2023 às 06:58h

Entrevista: ‘Aparentemente o governo está com medo do Parlamento’, diz Rogério Marinho

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Líder da oposição no Senado, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN) afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que os envolvidos nos ataques golpistas em Brasília, em 8 de janeiro, devem “identificados e punidos”. Sobre a insistência da oposição pela criação da CPI que será instaurada no Senado, Marinho disse que “a página que não foi virada ainda é quem se omitiu”. O senador também destacou que não se discute “o fato de que houve um crime perpetrado contra as instituições”.

A oposição conseguiu criar a CPI dos Ataques Golpistas, mas deve ser minoria e ficar fora dos cargos de comando. Há o risco de se tornar um “tiro no pé”?

Isso faz parte do jogo. O governo passou três meses fazendo esforço para que a CPI não fosse instalada. Ninguém aqui está discutindo o fato de que houve um crime perpetrado contra as instituições. Somos contrários a esse tipo de atitude e queremos que aqueles que perpetraram esse crime sejam identificados e punidos. Agora, isso tudo já está dito, a polícia está investigando. A página que não foi virada ainda é quem se omitiu.

Qual vai ser a estratégia da oposição na CPI?

Vou conversar com o líder da Câmara, com os partidos mais independentes em relação ao governo e buscar uma sinergia com o próprio governo para que eles tenham uma compreensão de que não há ganho político nenhum em instrumentalizar e controlar as investigações da CPI.

Quem os senhores vão tentar convocar para prestar depoimento?

Isso vai caber a quem estiver na CPI. Nós vamos dar apoio ao grupo de oposição. Vamos fazer um grupo de técnicos, advogados, contadores, pessoas que possam dar suporte a essa investigação.

O senhor vê alguma responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro nos ataques do dia 8 de janeiro?

Vi tanta retórica de membros do PT dizendo que iam fechar o Congresso, prender ministros do STF. A gente não viu essa indignação. Se alguém fala algo que me chateia, constrange, eu quero ter a oportunidade de contraditar essa pessoa, mas respeitar o fato de que ela pode falar. O que acho que não pode acontecer? Por exemplo, fazer apologia ao nazismo todos sabemos que é criminoso, imoral, a nossa legislação proíbe. O nazismo matou um milhão de pessoas. O comunismo matou também.

Como vê a atuação da oposição no Senado, onde o governo também tem maioria?

Fazer oposição a que? Se o governo não apresenta pautas. O governo tem se notabilizado nos últimos quatro meses em tentar driblar o ordenamento institucional do país. O governo se propõe a mudar a questão do saneamento por decreto, contra o espírito da lei. É um governo da ilegalidade, do desprezo ao rito parlamentar.

Por que o senhor acredita que o governo ainda não começou?

Porque sabe que não tem condições de implementar sua agenda ideológica sem fazer esse tipo de subterfúgio, acho que o próprio governo já avaliou a dificuldade que vai ter de colocar em prática o que defendeu durante a campanha eleitoral.

Mas o senhor acredita que o governo não vai ter votos se colocar um projeto importante para votar?

Aparentemente o governo está com medo do Parlamento. Para mim, as ações que o governo tem colocado para driblar o Congresso, como decretos e portarias, claramente têm um viés totalitário. Está com medo de testar as suas posições ideológicas.

O novo arcabouço fiscal vai ser aprovado?

Claro que vai porque é uma política de Estado. Não é desse ou daquele governo.

Mas do jeito que foi enviado?

De jeito nenhum. O governo apresenta o arcabouço que ele simplesmente afasta a Lei de Responsabilidade Fiscal, permite ser irresponsável fiscalmente. Estamos repetindo os mesmos métodos da mesma forma que levaram à recessão de 2015. O governo não acordou ainda de que o filme está se repetindo.

Se Bolsonaro ficar inelegível, quem seria o principal nome de oposição ao PT?

Acho que a retirada do ex-presidente Bolsonaro do processo eleitoral não deixa de ser uma violência contra uma parte considerável do eleitorado brasileiro, mas vamos aguardar o que vai acontecer. Eu torço para que isso não aconteça.

Colegas do senhor acreditam que uma decisão pela inelegibilidade fortaleceria a direita. Concorda?

Não sei avaliar. A inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro vai despertar um sentimento de insatisfação de uma parte expressiva do eleitorado e de solidariedade. O tempo é o senhor da razão, temos que aguardar inclusive os desdobramentos da maneira como esse governo atual vai responder aos desafios que a sociedade está pedindo. Na minha opinião, um bom governo não será.

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