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quinta-feira 5 de setembro de 2024 às 13:05h

Entrada de Hugo Motta no páreo pela sucessão na Câmara traz incerteza sobre fidelidade de bolsonaristas a Elmar

NOTÍCIAS, POLÍTICA


A entrada de Hugo Motta (Republicanos-PB) no páreo da disputa para a presidência da Câmara tem potencial para embaralhar os votos do campo bolsonarista. Se antes era certo que Elmar Nascimento (União Brasil) teria o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ser próximo do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), agora o cenário é outro.

Motta é considerado um candidato que conta com a simpatia de pessoas com influência direta sobre as decisões do ex-presidente. Os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, intermediaram um encontro do Jair Bolsonaro com Motta na quarta-feira e afirmaram a interlocutores que “trata-se de uma opção”.

Pesa o fato de Motta ter substituído Marcos Pereira (Republicanos-SP) na disputa, com quem Bolsonaro acumulou rusgas nos últimos anos. Ao contrário de Pereira, Motta transita bem entre o “núcleo duro” do bolsonarismo e atrai simpatias por já ter enfrentado o petismo: ele votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e compôs a chamada “tropa de choque” do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Aos bolsonaristas em encontro na quarta, ele afirmou que acenaria aos governistas com o objetivo de ser eleito para a Câmara, mas não seria subserviente ao governo.

Com 93 parlamentares, a bancada bolsonarista é vista como possível “fiel da balança” na disputa. E, conscientes do seu peso, os parlamentares negociam o apoio e pedem a primeira vice-presidência da Casa. Além de conduzir sessões na ausência do próximo presidente, o 1º vice-presidente da Câmara também é o vice-presidente do Congresso, o que dá ao partido que ele integra um poder maior de influência nas decisões internas. A negociação, entretanto, não se restringe apenas a este posto.

Bolsonaristas condicionam este apoio ao compromisso com pautas conservadoras, especificamente às relacionadas à indústria armamentista e às matérias de “comportamento”. A defesa de uma anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados que estão sob investigação pelos atos de 8 de janeiro também faz parte das conversas.

De frente com Lula e Bolsonaro

Hugo Motta esteve na quarta com Bolsonaro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos dois encontros, afirmam interlocutores, o parlamentar foi questionado sobre as suas relações com a direita e a esquerda, numa espécie de sabatina informal para se cacifar no pleito de fevereiro do ano que vem.

A reunião com Lula foi marcada por questionamentos sobre o seu passado de alinhamento ao ex-comandante da Casa Eduardo Cunha, algoz do impeachment de Dilma Rousseff. Motta votou pelo afastamento da ex-presidente em 2016 e, antes, chegou à Câmara sob as bênçãos de Cunha, em 2010.

Segundo interlocutores do parlamentar, Motta disse a Lula que seus posicionamentos em relação ao impeachment são justificados pelo fato de, à época, integrar o MDB. O partido que se posicionou pela perda do mandato e tinha como uma das principais figuras o vice Michel Temer, que assumiu o posto com a saída de Dilma.

Motta negou que o bom relacionamento com Cunha implique em apoio incondicional ao ex-deputado. Lula não teria apresentado resistência ao seu nome. Marcos Pereira, que desistiu de sua candidatura para lançar Motta como candidato de “consenso”, intermediou o encontro.

A relação de Motta com o hoje senador Ciro Nogueira (PP-AL), ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, também foi debatida com Lula. Em entrevista ao jornal Globo, Marcos Pereira afirmou que os vínculos de Motta com adversários do PT eram “assunto superado”, e que não atrapalham a empreitada do aliado.

Já no encontro com Bolsonaro, que aconteceu pela manhã, Motta ouviu perguntas sobre um eventual alinhamento com a base governista.

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