Com um projeto de painéis solares adequado, quem mora em uma casa pode recarregar um carro elétrico sem custos extras, sem necessitar da energia fornecida pela rede elétrica. Então por que não instalar painéis solares em carros elétricos ou híbridos?
A dúvida é pertinente, afinal um carro em uso estará sob o Sol na maior parte do tempo. Na vida real, porém, isso é pouco viável devido a fatores como eficiência das placas fotovoltaicas, custo da tecnologia e, claro, a viabilidade do carro em locais menos ensolarados.
É possível dizer que “falta carro” para que os painéis solares façam uma grande diferença na autonomia de um carro elétrico. É preciso ter uma grande área com painéis solares para uma geração de energia relevante no dia a dia.
A holandesa Lightyear apresentou um carro com 5 m² de paineis solares em seu teto e capô, a fim de complementar a bateria de 60 kWh. Eles ocupavam o teto e o capô. De acordo com a empresa, a 110 km/h a autonomia do seu carro seria de 560 km — desses, 70 km vindos da energia solar.
O carro custaria aproximadamente US$ 250.000 (cerca de R$ 1,2 milhão), mas a startup pediu falência após poucos meses. Em seus últimos comunicados, disse estar focada em fornecer paineis solares para carros de outros fabricantes, rentabilizando suas patentes, e não no desenvolvimento de um novo carro solar.
De fato, há espaço para isso na indústria, especialmente se conseguirem aumentar a eficiência na geração de energia solar no carro. Os Toyota Prius na versão PHEV pode sair de fábrica, há pelo menos duas gerações, com carregador solar no teto. O modelo atual tem 185W, que pode acrescentar até 1.250 km de autonomia por ano. Ainda é pouco: são 3,5 km por dia.
O sistema funciona principalmente com o carro parado, quando converte a radiação solar em carga na bateria de 13,6 kWh. Em movimento ele funciona, mas para alimentar os sistemas do carro, como o ar-condicionado e a direção elétrica, enquanto a sobra vai para a bateria de 12 V.
No caso do Prius, o painel solar no teto (seria o verdadeiro teto solar?) é um opcional de 610 dólares, ou cerca de R$ 3.400, na configuração mais cara do híbrido vendido nos Estados Unidos. Mas, sendo um híbrido, seu principal ganho poderia estar na redução de consumo do carro do que, de fato, no ganho de autonomia em modo elétrico.
Na Randon, maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina, a função dos painéis solares pode ser a redução do consumo de caminhões equipados com a carreta elétrica da empresa.
A empresa gaúcha oferece carretas com o E-Sys, um motor elétrico de 209 cv e 102 kgfm, capaz tanto de auxiliar o caminhão em subidas e ultrapassagens. Ele depende de um conjunto de baterias de 52 kWh. A empresa testa o uso de painéis solares para garantir autonomia elétrica para o sistema.
As placas podem ser montadas no teto e nas duas laterais de carretas baú , são flexíveis e têm potência de até 15 kW. São até 11.500 kW por ano, o que, de acordo com a empresa, representa uma economia de 1.800 litros de diesel no período.
Quanto às adaptações, há o caso do Yuan Plus que teve um painel solar de 570 W instalado sobre seu teto para alimentar um carregador portátil. Só recarrega com o carro parado, a uma potência máxima de 0,6 kW. Demoraria 100 horas para uma recarga completa. 100 horas de Sol a pino, sem nuvens.
Se formos otimistas e considerarmos que a incidência solar alcança isso por 8h diárias, a recarga completa levaria 12 dias e meio. Na prática, poderia demorar até duas semanas. E não poderia usar o carro durante a recarga, claro.