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quarta-feira 9 de novembro de 2022 às 07:28h

Entenda por que o 9 de novembro é considerado o dia do destino na história alemã

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Data é a mais relevante da história recente alemã. As lembranças vão da alegria ao horror, passando pelo fim da monarquia, pela perseguição aos judeus e pela queda do Muro de Berlim.Um dos acontecimentos em um 9 de novembro e que marcou o mundo foi a queda do Muro de Berlim. Menos de um ano depois, no dia 3 de outubro de 1990, a Alemanha estava reunificada, depois de 41 anos de separação.

Com o fim da República Democrática Alemã (RDA), o bloco comunista desaparecia de vez do mapa político da Europa. O conflito entre Ocidente e Oriente, marcado pela Guerra Fria e tão determinante para a história do continente, chegava ao fim no 9 de novembro de 1989.

Fim da monarquia

O calendário histórico alemão aponta ainda outros acontecimentos de suma importância para a história do país no 9 de novembro: em 1918, o social-democrata Philipp Scheidemann proclamou de uma varanda do Reichstag, em Berlim, a primeira república do país.

“Trabalhadores e soldados, estejam conscientes da importância histórica deste dia. Aconteceu o inacreditável. Um trabalho enorme e cuja amplitude é de difícil avaliação nos espera. Tudo para o povo, tudo por meio do povo! Nada que desonre o movimento trabalhista pode acontecer. Sejam unidos, fiéis e cientes de suas obrigações! O velho e podre – a monarquia – ruiu. Viva o novo, viva a república alemã”, anunciou Scheidemann, selando o fim da monarquia sob o imperador Guilherme 2°.

A jovem democracia alemã enfrentou tempos difíceis desde o início. Foi também no dia 9 de novembro de 1923 que o Partido Nacional-Socialista organizou uma tentativa de golpe em Munique, o “Putsch da Cervejaria”, sob o comando de Adolf Hitler, que dez anos mais tarde chegaria ao poder e levaria o mundo à Segunda Guerra Mundial.

Sinagogas e lojas em chamas

O caminho para a catástrofe passava pela eliminação gradual dos direitos civis dos judeus na Alemanha, o que culminaria no extermínio sistemático, a partir de 1942. Ainda antes do início da Segunda Guerra Mundial, no dia 9 de novembro de 1938, sinagogas foram incendiadas em todo o império alemão e estabelecimentos comerciais judeus foram saqueados.

Aproximadamente 100 judeus foram mortos e 26 mil foram levados para campos de concentração na noite do 9 para o 10 de novembro. O pogrom (massacre genocida organizado) foi chamado cinicamente pelos nazistas de “Noite dos Cristais”, tendo servido como uma espécie de prenúncio do Holocausto.

O fim de uma era

Mais de meio século depois, no 9 de novembro de 1989, caía o Muro de Berlim, para o espanto da população nas então duas Alemanhas – Ocidental e Oriental. Na República Democrática Alemã (RDA), de regime comunista, estavam, há alguns meses, acontecendo protestos populares contra o partido único, o SED. Milhares de alemães-orientais haviam fugido do país pela Hungria ou por outros países do Leste Europeu, onde pediam asilo político nas embaixadas da Alemanha Ocidental.

A pressão para dar uma maior liberdade de viagem aos habitantes da RDA aumentava a cada dia. Mesmo assim, ninguém contava realmente com o que viria a acontecer: quando, numa entrevista coletiva para a imprensa internacional, um representante do governo comunista anunciou que era permitido viajar para fora do país, ninguém mais segurou a população.

As pessoas correram para “pular o Muro” na Berlim ainda dividida. A euforia literalmente não tinha mais fronteiras. “Primeiro deixaram alguns passar, depois abriram o portão. E agora pode passar todo mundo, sem documento, sem controle, sem nada. Não tenho nem minha carteira de identidade comigo”, declarou um cidadão da Alemanha Oriental, na noite que pôs fim a uma era.

Pela quarta vez, a história alemã era escrita num dia 9 de novembro – dessa vez, um registro de alegria, apesar de todas as dificuldades que se seguiram à Reunificação das duas Alemanhas.

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