O mercado de motos no Brasil atravessa um bom momento, basta olhar os números do mês de novembro, tanto de motos produzidas como emplacadas.
No mês de novembro, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) registrou um aumento de 18,7% na produção de motos, no acumulado de janeiro a novembro deste ano em comparação com 2021, num total de 1.328.105 unidades produzidas.
Nas vendas, o acumulado de janeiro a novembro (1.229.987 motos emplacadas) deste ano já superou todos os 12 meses de 2021 (1.157.367 motos vendidas), de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). E isso se reflete nos diversos segmentos de duas rodas, passando pelas mais acessíveis até chegar aos modelos “premium”. Um exemplo disso é o recorde de vendas para um mês obtido pela BMW Motorrad, que em novembro teve 1.399 motocicletas emplacadas.
Locomoção, lazer e trabalho
Para Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, diversos fatores resultaram nesse bom momento do setor. “A motocicleta se transformou em uma importante opção de mobilidade pessoal. De acordo com informações das fabricantes de motocicletas associadas à Abraciclo, a locomoção representa hoje o principal motivo de compra (78%), seguido pelo lazer (45%) e trabalho (9%)”, disse.
Pandemia
“Devido à pandemia, muitas pessoas passaram a utilizar a motocicleta para evitar o transporte público e as aglomerações. Aliado a isso, o serviço de entrega/delivery, que já vinha crescendo bastante, ganhou novo impulso, com mais pessoas atuando na prestação de serviços. Nesse caso, há pessoas que usam o modal como a principal fonte de renda e outras para complementar o salário. Há também a questão econômica, já que moto apresenta grande economia de combustível e baixo custo de manutenção/aquisição”, explicou Fermanian.
Para o presidente da Abraciclo, a expectativa é que o próximo ano mantenha esse desempenho favorável para as motos. “Depois de um primeiro bimestre conturbado devido aos casos da variante Ômicron, as unidades fabris retomaram o ritmo das linhas de montagem e a produção vem subindo para atender à demanda do mercado. Em 2023, a procura por motocicletas deverá manter a tendência de alta. O modal se transformou numa importante opção de mobilidade pessoal e muitas pessoas o utilizam como veículo principal ou alternativo nos deslocamentos”, concluiu.
Carro ficou muito caro
Para Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics do Brasil, consultoria automotiva de origem inglesa, a alta nos preços dos carros também ajudou para o aumento na procura das motos. “Os carros ficaram caros. O ticket médio de um carro 0km hoje é de R$ 130 mil, o dobro de cinco anos atrás, além da dificuldade de crédito no mercado. E com o brasileiro precisando se locomover, ele encontrou nas motos uma opção. O momento econômico do país também colaborou, com muita gente procurando trabalhar com entrega”, analisou Milad.