Entenda o que é artrose, doença de Lula que pode levá-lo à cirurgia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na última quinta-feira (6) segundo Gabriela Boechat, do Poder 360, que descartou fazer uma cirurgia ainda em 2023 para tratar a artrose que tem no quadril. O motivo, justifica o petista, é não atrapalhar a agenda de viagens internacionais.

“Por enquanto, eu ainda tenho que andar (…) São reuniões imprescindíveis para um país do tamanho do Brasil”, disse o presidente em entrevista ao SBT. Lula irá à Colombia, Bélgica, África do Sul e Índia ainda este ano

O presidente havia considerado fazer o procedimento neste mês, julho, devido a queixas de dor. Em maio, no evento de lançamento da regulamentação da Lei Paulo Gustavo, Lula mencionou as dores na perna e brincou com o senador baiano Otto Alencar (PSD), que é ortopedista, dizendo que ele teria que curá-lo.

O Poder360 apurou com especialistas que o procedimento tem recuperação de cerca de uma semana após o procedimento. Considerando o que se conhece do quadro clínico do presidente e sua idade, 77 anos, o reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Marco Antonio Loures, diz que é possível que Lula precise ficar 1 ou 2 dias na UTI para monitoramento e que poderá andar e viver normalmente em até 1 semana depois da cirurgia. “É só não andar muito, fazer fisioterapia e evitar subir escadas, são cuidados básicos”, afirma o reumatologista.

Entenda a doença de Lula

A artrose é um desgaste precoce na cartilagem que reveste as articulações. No caso de Lula, o problema acomete a articulação que fica entre o fêmur e a bacia.

De acordo com Loures, a deterioração na cartilagem é natural e se dá em todos, acompanhando o envelhecimento. No entanto, quando ocorre de forma mais acelerada que o esperado, configura-se a artrose, que causa fortes dores e por vezes limitação dos movimentos.

Para melhora dos sintomas, Lula disse fazer tratamento com injeções. Um procedimento correspondente seria a chamada infiltração. Segundo com o ortopedista Renato Ganzerli, a técnica consiste em aplicar anti-inflamatório ou ácido hialurônico direto na articulação, que vai funcionar como um lubrificante ou diminuir o processo inflamatório e a dor.

“Existem 2 tipos de infiltração que são feitos no quadril. O mais comum é a injeção de corticoide, que é um anti-inflamatório e atua na dor, mas não age no desgaste. Tem também a infiltração feita com ácido hialurônico, que é como um suplemento para a cartilagem, esse sim melhora a saúde dela”, afirma Ganzerli.

De acordo com o médico, o tempo de duração da injeção varia para cada paciente, mas pode ser de poucos meses até 1 ano. Quando o tratamento com infiltração ou medicamento via oral não tem mais o efeito desejado, o paciente pode optar por fazer a cirurgia. O procedimento consiste em retirar a articulação desgastada e a substituir por uma prótese.

Ganzerli explica que a decisão pela cirurgia pode ser subjetiva: “Tem paciente que está muito limitado, em cadeira de rodas e decide operar por isso. Assim como têm pacientes em que o desgaste da cartilagem não é grande, mas que sente muita dor e ela atrapalha muito o dia a dia”.

Questionado sobre os possíveis riscos do procedimento, Ganzerli disse que há chances de complicações como trombose e embolia, como qualquer outra cirurgia, mas que são mínimas. “Estatisticamente, a recuperação é boa e a maioria evolui muito bem”, afirma.

Loures reitera a afirmação: “Normalmente, é uma cirurgia segura e fácil de se fazer. O grande problema seriam as infecções secundárias pós-cirurgia, mas é uma questão de cuidado”.

Saúde de Lula

Desde que assumiu o Planalto, Lula tem histórico de problemas na saúde. Em 25 de fevereiro, o presidente fez ressonância na bacia, coluna e lombar no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília. Já em 25 março, o petista cancelou sua viagem à China para se recuperar de uma broncopneumonia bacteriana e viral pelo vírus influenza A.

Antes, mantinha uma rotina de exercícios físicos e compartilhava as atividades em seus perfis nas redes sociais. Interrompeu o costume quase que diário em 2022, principalmente depois de passar a morar em um hotel na região central de Brasília. Mudou-se para o Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, em 6 de fevereiro.