O mercado de consórcios brasileiros está em crescimento contínuo, no entanto, há ainda muito desconhecimento sobre como usá-lo. O sistema de consórcios teve seu maior volume de vendas em 2024, com 4,17 milhões de cotas, alta de 7,8% em relação a 2023. Ao mesmo tempo, 48,9% das pessoas cancelam seus consórcios, segundo o último panorama do sistema divulgado pelo Banco Central.
Entenda a seguir como o consórcio funciona e para quem ele é indicado.
O que é consórcio?
“O consórcio é um grupo de pessoas que se unem – ainda que elas não se conheçam – para comprar um bem, que deve ser um objetivo em comum”, explica o especialista em consórcio na W1 Consultoria, Charles Medeiros.
Quem entra em um consórcio recebe um carnê ou boleto para realizar pagamentos periodicamente, quase sempre mensais. A cada mês (ou a cada outro intervalo de tempo combinado) uma das pessoas é sorteada e recebe uma carta de crédito para adquirir o bem. Há também a possibilidade de dar um lance, como em um leilão, para “passar na frente” e ter acesso ao bem mais rápido.
Que bens posso adquirir com um consórcio?
Os consórcios mais populares no país são para aquisição de imóveis ou de automóveis. Há, porém, modalidades para eletrônicos, como smartphones, e até para serviços, como cirurgia plástica.
Para quem o consórcio é indicado?
A educadora financeira Carol Stange acredita que o consórcio é adequado para pessoas com dificuldade para “pagar-se primeiro”, ou seja, quem não consegue guardar ou investir parte dos seus ganhos logo ao receber o salário.
Para quem não possui a disciplina, o boleto do consórcio pode representar um impulso. “Essa parcela traz uma lembrança de que existe um objetivo”, diz Stange. “Você poupar e investir é menos emocionante e não tem um efeito moral do boleto.”
Para as pessoas mais disciplinadas, o mais recomendável é investir o dinheiro mensalmente para ganhar com juros e poder eventualmente adquirir o bem.
É importante também não ter urgência para se tornar dono do bem, já que é impossível garantir quando você será contemplado. “O sorteio é imprevisível já pela natureza do sorteio, mas o lance também é imprevisível. Você nunca vai saber quanto que o seu cotista concorrente está oferecendo de lance”, explica Medeiros.
Quais cuidados tomar antes de entrar um consórcio?
Para evitar calotes, é recomendável pesquisar a reputação da administradora. O Banco Central elabora um ranking de avaliação das empresas de consórcio, disponível neste link.
Leia atentamente as regras para desistência do consórcio. Alguns estabelecem multa.
Nome sujo e inadimplência costumam ter punição o impedimento de receber a carta de crédito. Assim, faça um planejamento financeiro para garantir que você conseguirá arcar com todas as parcelas. Considere no seu plano que haverá uma taxa de reajuste das prestações, também definida no contrato.
Por fim, tente incluir uma estratégia de investimentos em paralelo ao consórcio. “Um consórcio pode cobrar 4% de taxa, enquanto ao mesmo tempo os meus investimentos vão oferecer entre 10% e 11% ao ano”, diz Medeiros.
O que é a carta de crédito?
Ao ser contemplado pelo consórcio, o consorciado recebe uma carta de crédito. Não é o dinheiro em si, mas uma autorização para compra do item. “É o equivalente a um cheque com o direito de comprar o bem”, simplifica Medeiros.
A carta de crédito terá então um fim definido, de acordo com a modalidade do consórcio. Será trocada pelo imóvel, automóvel, serviço, etc.
Caso tenha desistido do bem, o contemplado pode optar por vender a carta de crédito. Segundo Medeiros, a revenda da carta costuma ser feita com lucros.