A cada 10 brasileiros, 4 não sabem qual o tipo de previdência privada que possuem; 3 em 10 desconhecem a taxa de administração do seu plano, e 4 em 10 ignoram a possibilidade de portabilidade para outro produto caso estejam insatisfeitos.
Esse é o cenário desafiador mostrado por pesquisa realizada entre setembro e outubro deste ano pela Onze, fintech de previdência, que ouviu 2.229 pessoas em todo o Brasil, 460 das quais possuem previdência privada.
Especialistas apontam que uma das principais preocupações desse desconhecimento é com o risco de não se aproveitar totalmente os benefícios fiscais oferecidos pelos planos, seja por escolher um produto incompatível com a sua vida financeira, seja por erros na hora de fazer a declaração do Imposto de Renda.
Isso é válido principalmente para o PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), que requer uma série de requisitos e ações para que sua vantagem fiscal seja explorada ao máximo.
Para se ter uma ideia, dados da Receita Federal referentes a 2020 – último dado disponibilizado – mostram que 7% dos valores pagos em PGBL por contribuintes foram informados ao Fisco através da declaração simplificada, o que elimina o benefício fiscal desse tipo de plano.
PGBL e VGBL
Há dois tipos principais de previdência complementar no Brasil.
O PGBL é mais indicado para quem faz a declaração completa do IR, já que permite o abatimento das deduções com despesas em até 20% da renda tributável, enquanto o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem faz a declaração do IR pelo modelo simplificado.
A grande vantagem do PGBL é esse abatimento de parte da renda tributável, que, consequentemente, leva a um pagamento menor de impostos. É por isso que, ao investir em um PGBL, você poderá aumentar sua restituição no ano que vem, ou diminuir o valor que precisará pagar ao fisco. Vale lembrar, no entanto, que o abatimento só valor para quem contribui para o INSS ou para o regime dos servidores públicos.
Por isso, é importante fazer com cuidado o cálculo de todas as deduções, para verificar se excedem de fato o limite de R$ 16.754,34, que é necessário para se aproveitar o benefício fiscal.
É essencial saber também que existe uma contrapartida importante. Na hora do resgate do PGBL, o Imposto de Renda que será cobrado incidirá sobre todo o montante total resgatado, e não apenas sobre a rentabilidade, como é o caso do VGBL.
Mesmo assim, vale a pena, com outra condição: o contribuinte deve estar disposto a levar o plano no longo prazo. Isso porque, pelo modelo regressivo de tributação, que é o que vale mais a pena no PGBL, você estará trocando uma alíquota maior agora – de 27,5%, se você ganha acima de R$ 4.664,68 – por uma menor, de 10%, lá na frente, desde que se mantenha no plano por pelo menos 10 anos.
Final do ano é essencial para aproveitar bem o PGBL
Por isso, todos os anos, quando dezembro chega, é importante que o investidor avalie o quanto contribuiu para o seu plano e se fez aportes suficientes para tirar o máximo proveito dessa dedução.
Se não fez 12% da renda bruta em aportes, esse é o momento de fazê-lo (dentro de suas possibilidades financeiras, é claro), para conseguir aproveitar os benefícios fiscais na próxima declaração.