Segundo o TCE, com o tema “Os Tribunais de Contas como indutores da boa gestão e guardiões da democracia”, o VIII Encontro Nacional dos Tribunais de Contas do Brasil foi aberto nesta quarta-feira (16.11), na cidade do Rio de Janeiro. Organizado pelas entidades representativas do Sistema de Controle Externo e pelos Tribunais de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e do Município do Rio de Janeiro (TCM-RJ), o evento busca acolher os participantes para debater a democracia, sob uma perspectiva que perpassa preferências político-partidárias.
Os conselheiros Inaldo da Paixão Santos Araújo (diretor da Escola de Contas Conselheiro José Borba Pedreira Lapa) e Carolina Matos Alves Costa (coordenadora do Projeto Educação é da Nossa Conta) estão representando o Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) no evento, que tem como tema central desta edição “Os Tribunais de Contas como indutores da boa gestão e guardiões da democracia”, com diversas atividades que se desenvolverão até esta sexta-feira (18.11). Dentre os temas abordados, está a importância do controle externo no fortalecimento das instituições, a partir da aferição do efetivo impacto das políticas públicas e das entregas feitas à sociedade, com integridade e transparência.
O evento conta com pelo menos 1,2 mil inscritos nas modalidades presencial e online. Entre os palestrantes confirmados estão os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas e Antonio Anastasia, o cientista político Fernando Schuler e o advogado, filósofo e professor universitário, Silvio Almeida. Ao todo a programação abrange oito painéis e conferências, cinco oficinas, 13 reuniões técnicas, além da Assembleia Geral da Atricon.
Durante o VIII ENTC também serão apresentados os resultados da avaliação do Marco de Medição de Desempenho dos Tribunais de Contas e do Programa Nacional de Transparência Pública. O encontro, que ocorrerá em formato híbrido, é voltado aos membros e servidores de Tribunais de Contas e interessados nos debates sobre o aprimoramento do Sistema de Controle Externo.
Palestra Magna
O conhecimento sobre o processo de tomada de decisão, pautado na forma como gerenciamos as emoções pode mudar substancialmente a forma como atingimos resultados. Essa foi a principal mensagem passada pela neurocientista Carla Tieppo durante a palestra magna que marcou a solenidade de abertura do VIII Encontro Nacional dos Tribunais de Contas.
Carla Tieppo iniciou a apresentação fazendo um relato ocorrido durante a pandemia, quando, por meio de uma aluna, servidora de Tribunal de Contas, entendeu a importância da atuação dos TCs para a sociedade. A aluna queria saber como a neurociência poderia ajudar a reconhecer o que seria uma entrega de equidade para populações ribeirinhas. “Em nome dela, eu agradeço a todos vocês, pelo trabalho incrível que fazem por esse país”, disse.
Ela apresentou dados preocupantes com relação à saúde mental. Ainda antes da pandemia, 90% da população mundial declarava viver sob estresse, sendo o Brasil o segundo país no mundo com maior nível do problema. Cerca de 10% das pessoas tinham diagnóstico de ansiedade e a estimativa de Burnout, também anterior à pandemia, era de 20 a 33 milhões de trabalhadores brasileiros afetados com a síndrome ligada diretamente às situações de trabalho.
A palestrante definiu o estresse como o ponto de congelamento onde o indivíduo não sabe o que fazer. “Tem a ver com falta de recursos, ausência de capacidade de resolução de problemas”, disse.
Ainda segundo a neurocientista, podemos definir emoção como a base do processo de tomada de decisões e uma potente ferramenta de aprendizagem. Somos mais capazes, ou seja, mais produtivos, quando estamos de acordo com nossos sentimentos. Mas como lidar com as emoções? Para Carla Tieppo, “o trunfo está em poder senti-las. Devemos ser perspicazes para sentir o primeiro sinal”, ressaltou.
Momentos de pausa, com respiração profunda são importantes, assim como se desconectar para tentar entender o que está provocando angústia e outros sentimentos. Ela ainda abordou o gerenciamento emocional, que nada mais é do que usar as emoções como dados, em vez de negligenciá-las. “Todas as emoções estão a seu serviço e existem para poder te ajudar”, disse ao elencar os benefícios do controle emocional: autoconhecimento e autogestão, comunicação empática, resiliência e produtividade.
Para finalizar, propôs uma liderança humanizada, que “é aquela que coloca o ser humano no centro da questão. É ele quem precisa de suporte.” O líder, segundo a neurocientista, precisa ser o “maestro de emoções”, que inspira e mobiliza. Essa liderança passa por construir times, aceitar formas diferentes de agir e atuar e pelo apoio emocional, “percebendo o momento em que as pessoas estão mais vulneráveis”, concluiu.
O VIII Encontro Nacional dos Tribunais de Contas é promovido pela Atricon, em conjunto com os Tribunais de Contas do Município do Rio de Janeiro (TCM-RJ), do Estado (TCE-RJ), Instituto Rui Barbosa, Abracom, Audicon e CNPTC.