“Seria preciso ressuscitar Freud parta entender o psiquê dele”, desferiu Marinho
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a disseminação de informações falsas em redes sociais e aplicativos de mensagens, a CPI das fake news, ouviu na última terça-feira (10) o depoimento do empresário Paulo Marinho.
Durante a campanha eleitoral do ano passado, Marinho alugou a casa dele, no Rio de Janeiro, para a equipe de comunicação do então candidato Jair Bolsonaro.
Ele confirmou que em dois cômodos da casa funcionaram a produção dos programas de rádio e TV e de conteúdo para as redes sociais.
Sob juramento de que falaria a verdade, Paulo Marinho garantiu que não tinha ciência se havia um núcleo que espalhava informações falsas ou que denegria a imagem de adversários de candidatos do PSL.
Ele disse que ingressou na campanha de Jair Bolsonaro como simpatizante da candidatura e que nunca atuou profissionalmente no trabalho que ajudou a eleger o atual Presidente da República.
“Veículos de imprensa me atribuem funções que eu não tinha”, assegurou.
Marinho se classificou como um “anfitrião”, mas confirmou que alugava o imóvel por um valor que ele acha que era R$ 8 mil, alegando que não possuía certeza porque a casa está em nome da sua mulher.
Ele confirmou relação pessoal e profissional com Marcos Carvalho, dono da produtora responsável pela campanha de Jair Bolsonaro.
Marinho foi convocado em requerimento da deputada Natália Bonavides (PT-RN) porque em uma entrevista admitiu que espalhava ‘memes’ (informações ou brincadeiras que se espalham na internet) falsos.
Marinho amenizou o fato, garantindo que “era para uma lista de apenas 15 pessoas”.
O empresário, que foi atacado nas redes e chamado de traidor por seguidores de Bolsonaro, garantiu que desconhece a existência do ‘gabinete do ódio’, que de acordo com os deputados Alexandre Frota (PSL-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP) funciona dentro do Palácio do Planalto.
No entanto, reconheceu a existência de extremistas que apoiam o governo atacando desafetos.
“São um bando de desocupados”, classificou o empresário, quando lembrou já ter sido chamado de traidor nas redes bolsonaristas.
Paulo Marinho só elevou o tom em seu depoimento quando falou do vereador Carlos Bolsonaro.
“Seria preciso ressuscitar Freud parta entender o psiquê dele (Carlos). É um perturbado, é um doido”, desferiu Marinho.
Durante a campanha, o filho do empresário, André Marinho, gravou uma mensagem imitando a voz de Bolsonaro que foi enviada a garimpeiros no norte do país, pedindo apoio à categoria.
Muitos garimpeiros responderam acreditando que se tratava realmente de Bolsonaro, mas o empresário voltou a amenizar, classificando a gravação como brincadeira, rebatendo alguns membros da CPI que perguntaram a ele se não se tratava de crime eleitoral.
Depoimento morno
O presidente da CPI, senador Angelo Coronel (PSD-BA) reconheceu que esperava que o depoimento de Paulo Marinho trouxesse algo que viesse a melhorar as investigações da CPMI.
Mas, segundo senador, “ele simplesmente ratificou o que a gente já tinha ouvido na mídia”.
Peneira
De acordo com o senador, cerca de 60 requerimentos ainda precisam ser votados pela CPI, e isso será feito na volta do recesso.
Esses requerimentos convocam diversas personalidades da política, como a ex-presidente Dilma Rousseff.
A quantidade de nomes desagrada Coronel.
“Nós vamos fazer um peneiramento para que tragamos as pessoas que realmente possam contribuir. Acho que já passou o momento de trazermos gente que vai usar a CPMI apenas para palanque político”, adiantou o presidente da Comissão.
Um depoimento que está sendo considerado importante por técnicos da CPI é o de Hans River Nascimento.
Ele está movendo ação trabalhista contra duas empresas que trabalharam para a campanha de Bolsonaro – Kiplix e a Yacows –,acusadas de espalharem informações mentirosas.
Os representantes das empresas também serão convocados.