Uma casa que pode ser montada (e desmontada) em qualquer lugar como se feita por peças de Lego. Afinal, é nesse jogo que o sistema de fabricação de casas industrializadas da Casas Phi (de Projetos Habitacionais Inteligentes) acabou se inspirando para entregar em até 60 dias uma habitação pronta e com todas as instalações funcionando.
As inovações não param por aqui: o sistema de venda é totalmente digital, o cliente projeta sua casa pela internet e, acredite, após receber os painéis de parede e de cobertura em concreto ele mesmo pode montar sua casa nova sozinho – basta ser dono do terreno.
Seria essa a casa do futuro? Na verdade, já é possível comprá-la e pagar do jeito que quiser, parcelado de quantas vezes achar melhor e usar, inclusive, o cartão de crédito para quitar as parcelas. Com a fábrica instalada na Região Metropolitana, no município de Camaçari, a Phi (@casasphi) levou dois anos para desenvolver o formato industrializado de edificações com uma proposta mais prática e sustentável, além de apostar também em um valor mais acessível para quem sonha com a casa própria.
“Temos opções de plantas a partir de R$ 11,3 mil até R$ 110 mil, a depender do projeto. A habitação pré-fabricada torna presente o futuro das moradias ao eliminar grandes preocupações com gestão de obra e de pessoal operacional, estouro de orçamento, acidentes e inúmeros outros fatores inerentes a uma construção tradicional”, explica o engenheiro civil e diretor técnico da Casas Phi, Marcos Cintra, que criou o formato com o pesquisador e cientista do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Governo do Estado da Bahia em Camaçari (Ceped), Dionísio Caribé.
Já foram entregues três casas de dois quartos e um studio em Camaçari. Outra casa de dois quartos na região próxima a Feira de Santana se encontra em fase final de acabamento, como acrescenta o diretor técnico. “Estamos no momento testando o sistema de vendas online, mas começamos a registrar uma procura significativa com propostas de compra que estão sendo analisadas”, afirma.
Concreto especial
Cintra pontua que a Phi contou com o suporte do Senai/Cimatec no desenvolvimento de um concreto de alto desempenho a base de resíduo industrial, que reduz essa emissão e o desperdício para praticamente zero, quando comparado a uma construção tradicional.
“A produção é contínua e não há sobra de materiais e até o saco do cimento, por ser em papel e consequentemente formado por fibras, é triturado e misturado ao concreto, o que melhora alguns aspectos da mistura”, fala.
O painel de cobertura permite a instalação de placas solares e assim a casa pode ser autossuficiente em energia elétrica. “Temos como objetivo futuro oferecer também coberturas onde a captação de energia solar já esteja incorporada ao próprio painel”, antecipa.
O diretor e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Sergio Kopinski Ekerman, comenta que o mercado de unidades residenciais unifamiliares pré-fabricadas é consolidado em países como os EUA, mais pouco difundido no Brasil, quando comparado ao potencial que o país tem.
“Há uma série de questões referentes à forma como estamos habituados a construir (tradição, clima, custo), bem como ligadas ao baixo custo e à baixa valorização da nossa mão de obra, que dificultam a difusão das moradias pré-fabricadas. Mas é, sem dúvida, uma possibilidade promissora para o futuro da construção civil no Brasil”.
Na técnica da Phi, uma mesma peça serve para a montagem de vários modelos de casa, como garante o diretor técnico da empresa. “Recentemente, fizemos o pedido de patente do nosso sistema. A linha de fabricação leva 20 dias para produzir as placas de cada unidade. O tempo de montagem leva 15 dias. Somando o carregamento e transporte entregamos a casa completa em dois meses”.
São nove opções de plantas com projetos que vão desde o home office a uma casa de dois quartos com suíte. A procura maior até o momento é para instalações no interior da Bahia, principalmente na região do Capão, na Chapada Diamantina, e nas áreas rurais. Assim que quitar 80% do valor, o novo morador pode preparar a mudança.
“Outra facilidade é que o proprietário pode, inclusive, vender a casa e permanecer com o terreno. O maior desafio foi pesquisar e desenvolver um sistema de produção de casas que no momento do simples ato da montagem já entregue uma habitação pronta para o proprietário entrar e morar dignamente”.
A Phi começou a testar protótipos para oferecer também uma habitação com dois pavimentos com térreo e primeiro andar. “Tentamos entender as necessidades das pessoas para proporcionar uma casa própria acessível, de qualidade e preço justo”, complementa Cintra. Com informações do Correio.