Atividade que ganha cada vez mais força no Brasil, o empreendedorismo tem sido uma alternativa atraente para brasileiros que buscam maior independência no mercado de trabalho e a possibilidade de ascensão econômica. No setor, há um destaque para o empreendedorismo negro, que de acordo com o Sebrae, movimenta quase R$ 2 trilhões por ano no país.
Além dos benefícios econômicos, a representatividade negra no empreendedorismo impacta diretamente na sociedade e nas escolhas de consumo, promovendo inclusão, justiça social e inovação. Assim, os empreendedores negros não apenas ocupam espaços antes estigmatizados, mas também desafiam padrões tradicionais, ampliando narrativas e trazendo novas perspectivas para o mercado com produtos focados na identidade e cultura negra.
Nesse contexto, a empreendedora e fundadora da loja Afrocentrados Conceito, Cynthia Paixão, destaca a importância do afroempreendedorismo e de movimentos como o Black Money na sociedade. “Além de possibilitarem uma ascensão econômica e social, por meio do empreendedorismo negro e de movimentos como o Black Money a população negra se torna mais abastecida de produtos destinados a sua identidade, seja em relação a cosméticos, moda e etc. Há, de fato, uma mudança nos hábitos de consumo, com essa população buscando negócios especializados na identidade e cultura negra”, explica.
Segundo a especialista, marcas negras frequentemente incorporam elementos culturais em seus produtos e serviços, atraindo consumidores que buscam autenticidade e conexão com suas raízes. Desse modo, negócios voltados para públicos sub-representados ampliam opções de consumo, impulsionando setores como moda, beleza e gastronomia com produtos que respeitam a diversidade.
“Na Afrocentrados, trabalhamos com mais de 100 empreendedores negros na produção de peças de roupas voltadas para a valorização da cultura negra e da ancestralidade. Nós consideramos que o empreendedorismo é uma forma de empoderar as comunidades e permitir uma ascensão e independência econômica. Por isso, temos visto cada vez mais pessoas negras buscando o empreendedorismo como uma forma de alcançar sua independência após verem exemplos concretos de pessoas que adentraram esse meio. Isso é muito positivo, uma forma de mudarmos uma realidade econômica e social marcada por desigualdades, principalmente aqui em Salvador”, reforça Cynthia Paixão.
Localizada na capital baiana, a loja consegue aproveitar tanto a cultura negra enraizada na cidade, quanto sua força econômica. Com destaque para empreendimentos ligados à música, moda e gastronomia impulsionando a economia local e regional, Salvador é um elo entre o Brasil e os países africanos, reforçando a ideia de um país conectado com suas raízes e influências externas. De acordo com os dados mais recentes do IBGE, a cidade tem grande importância econômica para o Nordeste brasileiro, com um PIB de aproximadamente R$ 63 bilhões, em 2021. Segundo dados da Prefeitura de Salvador, há uma grande concentração no setor de Serviços, que responde por 74.7% do PIB da cidade.
“Salvador é uma cidade importante para o afroempreendedorismo, principalmente pela sua ligação histórica com a ancestralidade e com a cultura negra. Então, aqui é um lugar em que conseguimos produzir produtos destinados à comunidade com grande saída, afinal, a capital baiana é a cidade mais negra do mundo fora da África”, completa a empreendedora.
O empreendedorismo negro tem acompanhado uma forte tendência de crescimento para os próximos anos, sendo cada vez mais relevante para a produção nacional. Contudo, além dos aspectos econômicos, o aumento nessa representatividade também traz mudanças sociais, com alterações nos hábitos de consumo, em especial pela comunidade que agora procura produtos personalizados, antiga lacuna no mercado, e novas possibilidades de ascensão social e empoderamento da população negra.