Entre todas as movimentações em curso em Brasília em torno da reforma ministerial, uma em especial chama a atenção pela agressividade, diz Malu Gaspar, do O Globo: a ofensiva de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) sobre o presidente Lula da Silva (PT) para tentar apear do cargo o titular de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Desde que se começou a falar em reforma, Alcolumbre vem angariando apoio de colegas do Senado Federal na campanha anti-Silveira. Parlamentares, insatisfeitos com a gestão do ministro, como Omar Aziz (PSD-AM), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Braga (MDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO) apoiam o presidente da Casa nessa campanha, que também interessa ao empresário Carlos Suarez, conhecido como “rei do gás”.
Suarez entrou em rota de colisão com o ministro por conta de uma disputa com a Âmbar Energia, dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, que compraram térmicas da Eletrobras na Amazônia. Suarez, que é dono de uma distribuidora de gás no estado, questiona a aquisição na Justiça através da estatal Cigás, controlada por ele.
Com acesso direto ao presidente, Alcolumbre já sinalizou que gostaria de substituir Silveira por um aliado, mas Lula resiste.
O presidente gosta de Silveira e já chegou a comentar com interlocutores que, se for necessário, pode incluí-lo em sua cota pessoal para mantê-lo no cargo, destinando outro ministério para o PSD.
Aos aliados, Alcolumbre também já reconheceu que está difícil derrubar Silveira. Na avaliação do presidente do Senado, a única pessoa que poderia desbancar o ministro seria Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem Lula é grato pela atuação no comando da Casa nos últimos dois anos.
Mas o próprio Pacheco já avisou que não quer o MME e não pretende piorar mais ainda a relação com Silveira, que já não anda boa. Aos mais próximos, Pacheco, que ainda cogita disputar o governo de Minas Gerais, tem dito que não vale a pena assumir o MME e ganhar um “inimigo eterno” na política.
Alcolumbre, Pacheco e Silveira, que assumiu a vaga do hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Antonio Anastasia no Senado por Minas Gerais pelo PSD mas não se reelegeu em 2022, são ex-aliados que se tornaram inimigos.
No início do governo, Alcolumbre e Pacheco bancaram a indicação de Silveira para o ministério, mas ao longo da gestão foram se afastando e hoje estão rompidos. Os dois senadores costumam dizer que o titular de Minas e Energia rompeu o acordo de divisão de poder que tinha com eles no setor.