domingo 22 de dezembro de 2024
Presidentes de Câmara e Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco(PSD-MG) — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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segunda-feira 15 de abril de 2024 às 09:26h

Embate entre Lira e Padilha pode travar pauta no Congresso Nacional; entenda

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O impacto do resultado da troca de farpas entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deve chegar ao Palácio do Planalto ainda nesta semana. A expectativa é de que o Congresso Nacional analise projetos importantes para o governo federal nos próximos dias.

Apesar de Lira ter garantido que as divergências e a falta de diálogo com Padilha não vão afetar a relação com o Executivo, políticos do Centrão ameaçam dar o troco. A resposta pode chegar na próxima quinta-feira (18), quando deputados e senadores analisam, em sessão conjunta no Congresso Nacional, os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Orçamento deste ano.

Os parlamentares já indicaram, por exemplo, que devem derrubar o veto presidencial que barrou R$ 5,6 bilhões destinados às emendas de comissão no Orçamento de 2024. E ficou justamente a cargo da pasta comandada por Padilha negociar um meio-termo, ou seja, um acordo de compensação com os congressistas.

Se for decretada a derrota do Palácio do Planalto nesse ponto, o objetivo fiscal da equipe econômica de manter o déficit zero nas contas públicas fica ainda mais difícil de ser alcançado. Para contornar essa situação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem até mesmo feito articulação por conta própria.

Entenda o imbróglio entre os dois

O episódio mais recente aconteceu na última quarta-feira (10). A votação no plenário da Câmara dos Deputados para manter a prisão de Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), evidenciou a disputa nos bastidores entre Padilha e Lira.

O ministro de Relações Institucionais se empenhou pessoalmente para que os parlamentares da base governista votassem de forma favorável à manutenção da prisão de Brazão – o que foi confirmado naquele dia. Dessa forma, não houve liberação da bancada e os deputados seguiram a orientação do Palácio do Planalto.

A interferência irritou o presidente da Câmara dos Deputados. Lira não escondeu o descontentamento e deu nome aos bois. Na última quinta-feira (11), ele disse que Alexandre Padilha era “incompetente” e um “desafeto pessoal”. O alagoano ainda acusou o ministro de ter propagado duas informações, supostamente falsas, de bastidores.

A primeira era de que o presidente do Legislativo teria articulado para revogar a prisão do deputado federal. A outra, que pesou mais na balança, era de que o resultado da votação representava um enfraquecimento de Lira no comando da Casa. Em resposta, no dia seguinte, o ministro de Lula quis dar um tapa de luva no político.

O paulistano disse que “não desceria o nível” das respostas e que não guardava rancor. Em uma indireta, lembrou que é filho de uma “alagoana arretada” e que a mãe dele lhe ensinou que “quando um não quer, dois não brigam”. Quem também decidiu entrar em campo nesta briga foi Lula.

O petista disse, na sexta-feira (12), que “só por teimosia” o chefe da articulação política permaneceria na cadeira. “O Padilha está no cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses. E depois começa a ser um cargo muito difícil. Nos primeiros seis meses, é como um casamento, é tudo maravilhoso”.

Ele completou que passado um certo tempo, começam as cobranças, e o ministro estava vivenciando essa fase. “Mas, só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo neste ministério porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade dentro do Congresso Nacional que o companheiro Padilha”, concluiu.

Antes mesmo das rugas entre Arthur Lira e o ministro virem a público, o petista já dava sinais de que o auxiliar precisava de uma declaração de apoio como sinal de força. Isso porque ele também enfrenta resistência no Senado Federal. É dito até mesmo nos bastidores que quem conversa com senadores é o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA).

Para mostrar que confia no escolhido, Lula fez vários elogios públicos nas duas últimas semanas a ele. Entre eles, que Padilha “é o ministro que rói o osso” e que o auxiliar tem o cargo mais difícil da Esplanada dos Ministérios.

Após quedas, Lula tenta manter ministros

Essa não é a primeira vez que o presidente da República vem a público reforçar que um dos seus quadros do primeiro escalão permaneceria no cargo. Em meio a pressões de Lira e do Centrão, o petista também blindou a titular da pasta da Saúde, Nísia Trindade, num recado claro de que ela ficaria no posto.

Ainda assim, outros membros da equipe ministerial não tiveram a mesma sorte. Foi o caso de Daniela Carneiro (Turismo), Ana Moser (Esporte) e Maria Rita Serrano (Caixa Econômica Federal). Todas foram substituídas por nomes do Centrão.

Mesmo diante da crise e pressão por substituição de ministros, Lula e o Palácio do Planalto negaram no passado, até o último minuto, que ocorreria mudanças na composição do governo. A demora pelas substituições, inclusive, irritaram caciques do Centrão.

A briga entre Padilha e Lira não é de agora

O presidente da Câmara dos Deputados não dialoga mais com Alexandre Padilha desde o segundo semestre de 2023. Desde então, a missão do Palácio do Planalto em negociar diretamente com Arthur Lira está com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Relatos de bastidores dão conta que o ministro de Relações Institucionais não cumpriu acordos quanto a nomeação de indicados para estatais e cargos no Executivo federal, bem como travou a liberação de emendas parlamentares. No fim do ano passado, Lira chegou a expor que gostaria de ver Padilha fora do cargo e endereçou este recado ao presidente.

O político alagoano queria como interlocutor direto o deputado federal José Guimarães (PT-CE), que é líder de governo na Câmara. Padilha inclusive viveu embates internos dentro da atual gestão diante da sinalização de que o próprio Guimarães queria o ministério que atualmente ele comanda.

No início da abertura do ano Legislativo de 2024, em 5 de fevereiro, o presidente da Câmara dos Deputados fez esse comunicado ao governo federal. Ao discursar, ele mostrou a insatisfação generalizada entre parlamentares sobre o controle do Orçamento federal. Mais que isso, criticou os acordos com o Planalto que não estavam sendo cumpridos.

Ainda naquele dia, ministros do petista e os líderes de governo minimizam as declarações, em meio a mais uma crise na articulação política. Padilha inclusive tentou dar ar de normalidade e harmonia entre o Planalto e o Legislativo ao mencionar que pautas e reformas importantes foram aprovadas em 2023 com apoio do Congresso Nacional.

No entanto, na cerimônia de 5 de fevereiro, duas cenas chamaram atenção na cobertura política: Lira ignorou a presença de Padilha na mesa do Congresso Nacional e evitou interagir com seu “desafeto pessoal”, bem como o sorriso amarelo do ministro da articulação política ao lado dele.

O impacto do resultado da troca de farpas entre o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deve chegar ao Palácio do Planalto ainda nesta semana. A expectativa é de que o Congresso Nacional analise projetos importantes para o governo federal nos próximos dias.

Apesar de Lira ter garantido que as divergências e a falta de diálogo com Padilha não vão afetar a relação com o Executivo, políticos do Centrão ameaçam dar o troco. A resposta pode chegar na próxima quinta-feira (18), quando deputados e senadores analisam, em sessão conjunta no Congresso Nacional, os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Orçamento deste ano.

Os parlamentares já indicaram, por exemplo, que devem derrubar o veto presidencial que barrou R$ 5,6 bilhões destinados às emendas de comissão no Orçamento de 2024. E ficou justamente a cargo da pasta comandada por Padilha negociar um meio-termo, ou seja, um acordo de compensação com os congressistas.

Se for decretada a derrota do Palácio do Planalto nesse ponto, o objetivo fiscal da equipe econômica de manter o déficit zero nas contas públicas fica ainda mais difícil de ser alcançado. Para contornar essa situação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem até mesmo feito articulação por conta própria.

Entenda o imbróglio entre os dois

O episódio mais recente aconteceu na última quarta-feira (10). A votação no plenário da Câmara dos Deputados para manter a prisão de Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), evidenciou a disputa nos bastidores entre Padilha e Lira.

O ministro de Relações Institucionais se empenhou pessoalmente para que os parlamentares da base governista votassem de forma favorável à manutenção da prisão de Brazão – o que foi confirmado naquele dia. Dessa forma, não houve liberação da bancada e os deputados seguiram a orientação do Palácio do Planalto.

A interferência irritou o presidente da Câmara dos Deputados. Lira não escondeu o descontentamento e deu nome aos bois. Na última quinta-feira (11), ele disse que Alexandre Padilha era “incompetente” e um “desafeto pessoal”. O alagoano ainda acusou o ministro de ter propagado duas informações, supostamente falsas, de bastidores.

A primeira era de que o presidente do Legislativo teria articulado para revogar a prisão do deputado federal. A outra, que pesou mais na balança, era de que o resultado da votação representava um enfraquecimento de Lira no comando da Casa. Em resposta, no dia seguinte, o ministro de Lula quis dar um tapa de luva no político.

O paulistano disse que “não desceria o nível” das respostas e que não guardava rancor. Em uma indireta, lembrou que é filho de uma “alagoana arretada” e que a mãe dele lhe ensinou que “quando um não quer, dois não brigam”. Quem também decidiu entrar em campo nesta briga foi Lula.

O petista disse, na sexta-feira (12), que “só por teimosia” o chefe da articulação política permaneceria na cadeira. “O Padilha está no cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses. E depois começa a ser um cargo muito difícil. Nos primeiros seis meses, é como um casamento, é tudo maravilhoso”.

Ele completou que passado um certo tempo, começam as cobranças, e o ministro estava vivenciando essa fase. “Mas, só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo neste ministério porque não tem ninguém melhor preparado para lidar com a diversidade dentro do Congresso Nacional que o companheiro Padilha”, concluiu.

Antes mesmo das rugas entre Arthur Lira e o ministro virem a público, o petista já dava sinais de que o auxiliar precisava de uma declaração de apoio como sinal de força. Isso porque ele também enfrenta resistência no Senado Federal. É dito até mesmo nos bastidores que quem conversa com senadores é o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA).

Para mostrar que confia no escolhido, Lula fez vários elogios públicos nas duas últimas semanas a ele. Entre eles, que Padilha “é o ministro que rói o osso” e que o auxiliar tem o cargo mais difícil da Esplanada dos Ministérios.

Após quedas, Lula tenta manter ministros

Essa não é a primeira vez que o presidente da República vem a público reforçar que um dos seus quadros do primeiro escalão permaneceria no cargo. Em meio a pressões de Lira e do Centrão, o petista também blindou a titular da pasta da Saúde, Nísia Trindade, num recado claro de que ela ficaria no posto.

Ainda assim, outros membros da equipe ministerial não tiveram a mesma sorte. Foi o caso de Daniela Carneiro (Turismo), Ana Moser (Esporte) e Maria Rita Serrano (Caixa Econômica Federal). Todas foram substituídas por nomes do Centrão.

Mesmo diante da crise e pressão por substituição de ministros, Lula e o Palácio do Planalto negaram no passado, até o último minuto, que ocorreria mudanças na composição do governo. A demora pelas substituições, inclusive, irritaram caciques do Centrão.

A briga entre Padilha e Lira não é de agora

O presidente da Câmara dos Deputados não dialoga mais com Alexandre Padilha desde o segundo semestre de 2023. Desde então, a missão do Palácio do Planalto em negociar diretamente com Arthur Lira está com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Relatos de bastidores dão conta que o ministro de Relações Institucionais não cumpriu acordos quanto a nomeação de indicados para estatais e cargos no Executivo federal, bem como travou a liberação de emendas parlamentares. No fim do ano passado, Lira chegou a expor que gostaria de ver Padilha fora do cargo e endereçou este recado ao presidente.

O político alagoano queria como interlocutor direto o deputado federal José Guimarães (PT-CE), que é líder de governo na Câmara. Padilha inclusive viveu embates internos dentro da atual gestão diante da sinalização de que o próprio Guimarães queria o ministério que atualmente ele comanda.

No início da abertura do ano Legislativo de 2024, em 5 de fevereiro, o presidente da Câmara dos Deputados fez esse comunicado ao governo federal. Ao discursar, ele mostrou a insatisfação generalizada entre parlamentares sobre o controle do Orçamento federal. Mais que isso, criticou os acordos com o Planalto que não estavam sendo cumpridos.

Ainda naquele dia, ministros do petista e os líderes de governo minimizam as declarações, em meio a mais uma crise na articulação política. Padilha inclusive tentou dar ar de normalidade e harmonia entre o Planalto e o Legislativo ao mencionar que pautas e reformas importantes foram aprovadas em 2023 com apoio do Congresso Nacional.

No entanto, na cerimônia de 5 de fevereiro, duas cenas chamaram atenção na cobertura política: Lira ignorou a presença de Padilha na mesa do Congresso Nacional e evitou interagir com seu “desafeto pessoal”, bem como o sorriso amarelo do ministro da articulação política ao lado dele.

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