O embaixador dos Estados Unidos no México, Ken Salazar, defendeu, nesta quinta-feira (14), sua “boa relação” com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, após ser acusado na imprensa de pôr “interesses americanos” em risco.
“Quando o presidente (Joe) Biden me pediu para ser embaixador dos Estados Unidos no México, todos, incluindo os embaixadores mais recentes lá, disseram que não tinha como ter um diálogo com Andrés Manuel López Obrador, que ele não queria tratar com os Estados Unidos por causa do que aconteceu no passado”, disse Salazar durante um evento no Wilson Center, em Washington.
“Meu trabalho era tentar entendê-lo e para onde estava levando o México e tentar promover os interesses dos Estados Unidos”, acrescentou.
Há poucos dias, o jornal “The New York Times” afirmou que Salazar segue um padrão que “vários funcionários americanos descrevem como preocupante”, porque, “às vezes, parece contradizer as políticas de seu próprio governo, ao se alinhar com o presidente López Obrador”.
Segundo o jornal, “há (no governo) uma preocupação crescente de que, no processo de aproximação” entre Salazar e López Obrador, “o embaixador tenha colocado os interesses americanos em risco e não tenha usado a relação para avançar as políticas”, quando Joe Biden “mais precisa dele”.
O próprio presidente mexicano reagiu, saindo em defesa de “um homem responsável que defende seu país” e criticou o “New York Times”.
“Estão com a ideia de que os Estados Unidos devem nos subjugar, acreditam que somos uma colônia”, afirmou.
Apesar da boa sintonia, Salazar disse, nesta quinta, discordar de López Obrador em muitos pontos.
“Discordo fortemente de como ele descreve membros do Senado dos Estados Unidos, como o senador Bob Menéndez”, de modo que, “quando essas críticas são feitas, discordo delas e digo isso ao presidente”, relatou.
“Há outros, muitos outros, muitos temas, nos quais posso dizer ao presidente que ele está errado e fiz e farei isso”, defendeu-se.
Na segunda-feira (11), Menéndez, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, pediu a Biden que “recalibre” sua estratégia política com López Obrador. Também manifestou preocupação com a violência sofrida por jornalistas no México, onde 12 repórteres foram assassinados desde o início do ano, e com “a redução da independência do sistema judiciário”.