Em um comunicado em inglês publicado em suas redes sociais nesta sexta-feira (3) a embaixada dos Estados Unidos no Brasil alertou cidadãos do país a evitar áreas de manifestações nas cidades brasileiras no dia 7 de setembro.
Sem citar nem apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nem seus opositores, o texto diz que “mesmo manifestações que pretendem ser pacíficas podem ter confrontos”, ao pedir para que áreas de protestos e manifestações sejam evitadas.
Não é comum que as publicações feitas pelo perfil da embaixada dos EUA no Brasil traga mensagens em português. O texto diz que manifestações são esperadas nas maiores cidades do Brasil.
O presidente é aguardado em atos programados em Brasília e São Paulo, onde vem sendo aguardado por apoiadores na Avenida Paulista. Grupos de oposição planejam um ato contrário ao presidente a 2,7 quilômetros de distância, no Vale do Anhangabaú.
O governo de São Paulo tentou evitar a realização dos dois protestos no mesmo dia para reduzir riscos de tumultos, mas não conseguiu.
A divulgação da mensagem de alerta ocorre enquanto as representações de grandes democracias estrangeiras monitoram as possibilidades de ruptura no Brasil e enviam relatórios a seus governos centrais, conforme reportagem do Estadão publicada em agosto.
No caso dos EUA, o governo Joe Biden já havia enviado, naquele mês, emissários para dialogar com o governo Bolsonaro e expressar que o país da América do Norte não tem preocupações relacionadas à realização de eleições livre e justas – uma mensagem de falta de apoio aos ataques às eleições, e às urnas eletrônicas, patrocinados pelo presidente e seus apoiadores.
“Ressaltamos a importância de não desacreditar o processo eleitoral, porque não há indícios de fraude em eleições anteriores”, disse, na ocasião, o diretor sênior no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Juan González.
Atentos a riscos de ruptura no Brasil e em outros países da América Latina, os Estados Unidos estão articulando a realização de uma cúpula pela democracia ainda neste ano, de forma virtual (e presencial no ano que vem), cuja pauta deve girar ao redor da defesa contra o autoritarismo.
Representações diplomáticas da Europa, por sua vez, que monitoram as ações do governo brasileiro relacionadas ao meio ambiente, neste ano passaram a dar mais espaço, nos informes diários aos governos , à “política doméstica” brasileira e suas implicações, com relatos de ataques feitos pelo presidente às demais instituições democráticas nacionais.
O Estadão procurou o Itamaraty para comentar a mensagem de alerta publicada pela embaixada norte-americana nesta sexta, mas ainda não teve resposta.