Como prioridade máxima, o resgate às vítimas e o trabalho para evitar que mais pessoas percam a vida diante das fortes chuvas no Rio Grande do Sul. No campo das ações, intensa mobilização de ministérios, Forças Armadas, Defesa Civil num trabalho articulado com governo do estado e prefeituras. No campo humano, a mensagem de apoio e o compromisso de que as famílias não estão sozinhas. Na área ambiental, o alerta de que o Brasil necessita, cada vez mais, estar preparado para lidar com mudanças climáticas e eventos extremos.
Não faltará ajuda do Governo Federal para cuidar da saúde. Não vai faltar dinheiro para a questão do transporte e não vai faltar dinheiro para alimentos. Tudo o que estiver no alcance do Governo Federal, seja através dos ministros, em parceria com a sociedade civil ou através dos nossos militares, vamos nos dedicar 24 horas para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Tendo como base esses pilares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta quinta-feira (2/5), em Santa Maria (RS), para acompanhar os efeitos das fortes chuvas no estado, se reunir com o governador e prefeitos e determinar o reforço do apoio à população.
“Não faltará ajuda do Governo Federal para cuidar da saúde. Não vai faltar dinheiro para cuidar da questão do transporte e não vai faltar dinheiro para os alimentos. Tudo o que estiver no alcance do Governo Federal, seja através dos ministros, em parceria com a sociedade civil ou através dos nossos militares, vamos nos dedicar 24 horas por dia para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado”, assegurou Lula, que se solidarizou com as famílias de mortos e desaparecidos.
“Estamos nos comprometendo, em solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul, para que a gente possa minimizar o sofrimento que esse evento extremo está causando. Solidariedade aos familiares das pessoas que foram vítimas e que morreram e aos familiares que estão desaparecidos, na esperança de que possam aparecer e que todos estejam ainda com vida”.
POSTO DE COMANDO – Lula determinou que um posto de comando seja montado em Santa Maria para que as informações possam chegar de modo mais eficiente a Brasília. “Nós vamos ter um comando aqui (em Santa Maria). A gente vai tomar conta disso com carinho, com respeito, para que as coisas possam acontecer”, declarou Lula.
Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, além do posto de comando em Santa Maria, uma sala de comando e controle será montada em Brasília para que as partes possam trabalhar de forma ágil. “É importante que a imprensa tenha claro, que a sociedade tenha claro, que a prioridade absoluta é salvar vidas. E isso significa resgatar pessoas do isolamento, acolher em abrigos, em lugares seguros, garantir a chegada de suprimentos, alimentos, medicamentos em hospitais, postos de saúde, energia, comunicação, combustível para que as coisas continuem funcionando. Hoje ainda, ao chegar em Brasília, já vamos instalar a sala de situação que coordenará as ações de todos os ministérios”, disse Rui Costa.
Desde o início da crise, o Governo Federal já se mobilizou, via Defesa Civil Nacional e Ministério da Defesa, no socorro emergencial. O apoio operacional das Forças Armadas tem auxiliado ações de busca e resgate e a desobstrução de estradas, além de distribuição de alimentos, colchões, água e a montagem de postos de triagem e abrigos.
O governo federal está dedicado, 24 horas por dia, para apoiar o povo do Rio Grande do Sul. Tudo que estiver ao alcance do nosso governo será feito para atender as necessidades das pessoas que estão sendo afetadas pelas chuvas.
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— Lula (@LulaOficial) May 2, 2024
SEM PRECEDENTES – Para o governador Eduardo Leite, devido aos efeitos no Rio Grande do Sul, já é possível classificar a tragédia como um episódio sem precedentes. “Já é e será o pior desastre climático do nosso estado. O foco absoluto é no resgate das pessoas e em salvar vidas. Estamos perfeitamente alinhados nisso, presidente Lula”, afirmou o governador.
O governador elogiou o apoio do Governo Federal e ressaltou a importância da presença do presidente. “Queria agradecer ao presidente Lula por sua vinda. A sua presença localmente, o olho no olho, sentarmos na mesma mesa, olharmos todos os dados e trabalharmos sobre eles, é insubstituível. Uma boa reunião substitui mil telefonemas e milhares de ofícios”, agradeceu.
Lula desembarcou em Santa Maria acompanhado de uma comitiva que contou com a participação dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) e Marina Silva (Meio Ambiente), além do comandante do Exército, general Tomás Paiva, do chefe do gabinete do Comandante da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Antonio Luiz Godoy Soares, e da primeira-dama, Janja, entre outros.
HOSPITAL DE CAMPANHA – Segundo números atualizados nesta quinta, o efetivo das Forças Armadas foi ampliado de 335 para 626 militares. A pasta já forneceu 45 viaturas e 12 embarcações e botes de resgate enviados pela Marinha e Exército, além de oito aeronaves, que já estão em ação. Para auxiliar no socorro às vítimas das enchentes, as Forças Armadas montarão, ainda nesta quinta, um hospital de campanha no município de Lajeado. A estrutura contará com local para triagem e recepção, dois consultórios, uma emergência, quatro enfermarias, com 40 leitos, e alojamentos para aqueles que necessitarem de apoio de hospital.
SUPORTE AÉREO – Segundo o comandante do Exército, general Tomás Paiva, o suporte aéreo ao estado deve ser ampliado. “Em termos de meios aéreos, estamos, até domingo, com oito aeronaves das Forças Armadas atuando aqui, Marinha, Exército e Aeronáutica, podendo aumentar esse número para 16. É um esforço aéreo, vindo aeronaves do interior de São Paulo, de Campo Grande, se houver necessidade a gente expande, inclusive para aeronaves que estão em operação na região Amazônica”.
INTEGRAÇÃO – Para o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a crise climática que se abateu sobre o Rio Grande do Sul exigirá ainda mais integração. “O Governo Federal já tem uma sistemática transversal de atuação. De acordo com a situação, a gente emprega todos os ministérios para garantir, nas mais distintas áreas, a assistência à população, em parceria com os governos estaduais e municipais. Este evento, diferentemente dos que ocorreram ano passado, tende a se prolongar, criando dificuldade para que tudo que está sendo mobilizado chegue mais rápido às pessoas”, alertou.
TRANSPORTES – Ao traçar um panorama atual sobre a situação das estradas, o ministro dos Transportes, Renan Filho, revelou que o número de locais afetados por bloqueios quase dobrou da noite de quarta-feira para hoje. “Como o desastre ambiental continua, está havendo uma evolução. Na noite de ontem tínhamos 20 pontos de interrupção. Agora temos 38 em rodovias interrompidas no estado”. O ministro adiantou que a pasta tem recursos para apoiar o estado na recuperação das rodovias. “O DNIT recuperou as rodovias e as colocou em condição de trafegabilidade do evento ocorrido no ano anterior. O Ministério dos Transportes tem hoje as condições para fazer um enfrentamento a problemas dessa natureza. Temos os recursos orçamentários e contratos para fazer o enfrentamento”, afirmou Renan Filho.
MINHA CASA, MINHA VIDA – O ministro das Cidades, Jader Filho, lembrou que, desde o início do ano passado, o Governo Federal tem trabalhado na prevenção, ressaltando que, antes do retorno do Ministério das Cidades, a última seleção de contenção de encostas tinha sido em 2012. Ele ressaltou que a forma como o Governo Federal enxerga hoje a ocorrência de calamidades permitiu que políticas como o Minha Casa, Minha Vida ganhassem novos rumos. “No ano de 2023, para a calamidade, foram liberadas 4.467 unidades habitacionais. Só para o Rio Grande do Sul foram 1.687. Por conta do que aconteceu (no ano passado), criamos uma nova modalidade do Minha Casa Minha Vida, que é o Minha Casa Minha Vida Calamidades Rural. Isso não existia”, destacou Jader Filho. A nova modalidade permite ajudar famílias mais vulneráveis afetadas por este novo evento climático extremo no estado.
EVENTOS EXTREMOS – A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrou que diante do fato de que os eventos climáticos extremos tendem a se tornar cada vez mais frequentes, a questão da prevenção torna-se crucial. “Essas grandes precipitações acontecem de forma frequente e, infelizmente, vão se tornar mais intensas. Por isso que a orientação, desde o início do governo, já na transição, era de que pudéssemos atuar em duas frentes: a gestão do desastre, que é o que estamos fazendo, e a prevenção aos eventos climáticos extremos. Isso não existe no mundo. As pessoas estão tateando sobre como fazer essa mudança”, declarou a ministra.
ALIMENTOS – O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, lembrou que no evento do ano passado a mobilização do Governo Federal resultou na distribuição de 40 mil cestas de alimentos e que, desta vez, a companhia está mais uma vez pronta para atuar junto a outros parceiros para garantir o abastecimento às famílias. “A gente está no aguardo da demanda que o Rio Grande do Sul irá precisar de alimentação. Estamos preparados para agir e colocar aqui o alimento necessário para as pessoas nesta situação”.
BALANÇO – O governador do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública nesta quarta-feira (1/5), em face dos estragos causados pelos eventos climáticos. As aulas na rede estadual estão suspensas até domingo. No início da tarde, os números do governo estadual indicavam 147 municípios atingidos e 67.860 pessoas afetadas. O estado contabiliza 9.993 desalojados e outras 4.599 pessoas em abrigos, com 13 mortes, 12 feridos e 21 desaparecidos.
PORTO ALEGRE – Segundo Eduardo Leite, os números são preliminares e imprecisos, devido às dificuldades em grande parte do estado, já que as chuvas continuam. Ele adiantou que a capital Porto Alegre deve ser castigada nas próximas horas com a cheia do Lago Guaíba, que deverá alcançar índices históricos. “O Guaíba deve chegar a quatro metros e, dependendo do vento, da direção dos ventos, que podem escoar melhor ou podem represar as águas, pode chegar a 4 metros e 20. E essa projeção pode ser pior ainda. Estou falando para o dia de amanhã especialmente”, adiantou o governador. Ele fez um apelo para que as pessoas deixem as regiões de risco. “Em novembro do ano passado, foram 3 metros e 46 centímetros de altura, que já foi a pior cheia desde 1941. Será algo gravíssimo. Então, mais uma vez, peço às pessoas que saiam de localidades de risco, saiam das suas casas de forma ordenada, enquanto é tempo para isso, para salvarmos vidas”.
PRIORIDADE – O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellignton Dias, não integrou a comitiva, mas reforçou pelas redes sociais que a pasta também está atuante em torno da assistência. “Desde o último sábado, em parceria com os demais ministérios e o governo do Rio Grande do Sul, estamos trabalhando para ajudar os municípios atingidos. O presidente Lula orientou todos nós a priorizar a situação, levar ajuda humanitária o mais rápido possível. Neste momento, nossa prioridade é salvar vidas e garantir o bem-estar de todos. Tenho certeza que iremos superar essa situação difícil”, afirmou Wellington Dias pelo X (antigo Twitter). O MDS atua, especialmente, em três eixos: acolhimento e atendimento a famílias e pessoas desabrigadas, fornecimento de cestas de alimentos e unificação do calendário do Bolsa Família. A pasta recebeu ofício do Rio Grande do Sul solicitando mobilização de recursos e está em contato com as equipes estaduais e gestores de assistência social dos municípios mais afetados para orientar os procedimentos para solicitar recursos e alimentos.