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domingo 11 de abril de 2021 às 16:08h

Em vez de vacinas, brasileiros preferem que empresas ajudem com doações

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A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana um projeto de lei que permite à iniciativa privada comprar vacinas contra a covid-19 sem necessariamente repassar doses ao Sistema Único de Saúde (SUS). A medida, cujo objetivo seria acelerar a vacinação no país, tem sido criticada por dar acesso privilegiado a grupos que não os prioritários. E a opinião pública vai no mesmo sentido: para 61% dos brasileiros, o melhor jeito das empresas ajudarem na gestão da pandemia é através de doações – não com vacinas.

O número faz parte da última rodada da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública, que aferiu a opinião da população sobre a participação das empresas no enfrentamento à pandemia.

Para 66% dos entrevistados, as empresas devem sim participar no combate à pandemia, mas quando perguntados sobre qual o melhor jeito do setor privado ajudar na gestão pública da pandemia, 40% acreditam que as empresas deveriam doar equipamentos e insumos médicos para hospitais, enquanto 21% apontam a doação de alimentos e itens de primeira necessidade para os mais pobres.

Defendida por empresários como Carlos Wizard e Luciano Hang, a compra de vacinas para imunizar funcionários e seus parentes foi escolhida como melhor opção por 23% dos entrevistados. Outros 15% também apoiam a compra de vacinas pelo setor privado, desde que elas sejam doadas ao SUS para imunizar a população em geral.

O levantamento ouviu 1259 pessoas entre os dias 5 e 7 de abril. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Ou seja: enquanto 38% apoiam a iniciativa do setor privado para adquirir imunizantes, 61% preferem que as empresas foquem seus esforços em fazer doações aos que mais precisam – incluindo aqui os hospitais, que operam no limite em praticamente todo o país.

“Esse números nos mostram que, apesar do brasileiro parecer anestesiado diante da pandemia, as cenas de UTI’s e hospitais lotados tem sensibilizado a opinião pública”, explica o pesquisador Maurício Moura, fundador do IDEIA.

Aprovado na Câmara dos Deputados com 317 votos a favor (e apenas 120 contra), o projeto de lei que libera a compra privada de vacinas pelo setor privado agora vai ao Senado, onde se estima que ele também seja aprovado sem muitos percalços.

A medida foi criticada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que viu nela “mais um degrau” no acesso às vacinas, o que criaria mais um desequilíbrio em momento em que não há vacinas suficientes para o conjunto de populações prioritárias. A iniciatava é considerada também pouco eficaz já que as farmacêuticas afirmar negociar as doses apenas com governos nacionais.

Confiança

A pesquisa também questionou os entrevistados sobre suas impressões sobre os sistemas públicos e privados de saúde em relação à covid-19. Para 61%, o sistema público de saúde tem mais competência e capacidade para lidar com os problemas trazidos pela pandemia, e 39% acreditam que esse posto seja da rede privada de saúde.

Na área social, os governos também são vistos como os atores com maior capacidade e competência para lidar com os problemas da pandemia por 57% dos brasileiros, enquanto apenas 28% acreditam que as empresas são as que melhor desempenhariam esse papel. 15% escolheram as ONG’s.

“Mais da metade dos entrevistados afirmaram que o governo tem mais capacidade de enfrentar a pandemia que ONGs e empresas”, destacou Moura. “É uma sinalização evidente da expectativa da opinião pública em relação aos governos diante da pandemia em todas as suas dimensões.”

Brasília X governos locais

Ao mesmo tempo que o governo federal descarta a adoção de um lockdown nacional e tenta acelerar a aquisição de novas vacinas, o trabalho de governadores e, principalmente, de prefeitos aparece melhor avaliado pela população do que o do executivo federal. Em relação à pandemia, enquanto o governo Bolsonaro tem 23% de avaliações ótimo/bom (mesmo número do novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga), os governadores somam 29% e os prefeitos, 33%.

Do lado das avaliações negativas, os números também confirmam uma melhor avaliação dos governos locais em comparação com o federal. Com 33% de ruim ou péssimo, os prefeitos se posicionam melhor na avaliação da população do que governadores (38%), e o governo Bolsonaro, cujo trabalho em relação à pandemia foi avaliado como ruim ou péssimo por 55% dos entrevistados. Leia mais aqui.

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