Lula chegou ao Planalto anunciando um tempo de conciliação e uma administração voltada para o futuro, sem rancores nem revanchismo. Quatro dias de governo depois, o que se viu foi um longo acerto de contas com o passado, conforme Robson Bonin, da coluna Radar.
O presidente esvaziou o GSI, ignorou a transição entre os militares, fechou órgãos estratégicos para o ruralismo e assistiu seus ministros atacarem de todas as formas a gestão passada e até mesmo outros governos, como o de Michel Temer. O acerto de contas parou, claro, antes de chegar ao desastroso período de Dilma Rousseff.
No discurso atual do petismo, o país era um paraíso até deixar de ser comandado pela companheirada. O fetiche pelo passado também ficou evidente nas promessas revisionistas de boa parte dos auxiliares de Lula. A turma chegou ao poder com vontade de ocupar cargos e pilotar orçamentos, mas com quase nenhuma ideia nova para conferir credibilidade ao discurso de campanha, que pregava união nacional e um governo com foco no futuro.
Revogar foi a palavra marcante até este quinto dia de governo. A falta de comando na Esplanada levou Rui Costa, o chefe da Casa Civil, a desautorizar colegas de ministério que saíram avançando sobre prerrogativas do Congresso. A sorte do atual governo é que o país ainda está regularmente na praia, de férias, sem acompanhar o espetáculo com a devida atenção.