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Presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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terça-feira 17 de maio de 2022 às 09:25h

Em negociação com MDB, PSDB deve consolidar posição desfavorável a Doria

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Em um novo capítulo da crise interna do PSDB, a Executiva Nacional do partido se reunirá nesta terça-feira (17) e deve consolidar uma posição desfavorável ao pré-candidato tucano à Presidência da República, João Doria (PSDB). Sob o comando de Bruno Araújo, os dirigentes deliberarão se a eventual decisão de apoiar a postulação de Simone Tebet (MDB), com base em pesquisas quantitativas e qualitativas, terá adesão da maioria da legenda. O ex-governador de São Paulo, por sua vez, já se antecipou ao movimento e acenou para uma possível judicialização, caso suas pretensões eleitorais sejam escanteadas pelos correligionários.

Afastado de Doria desde que foi substituído na coordenação de campanha do pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Araújo tem minimizado segundo o jornal Valor, as sinalizações do paulista de que não abandonará o pleito e manteve as negociações com o MDB por uma candidatura presidencial conjunta. Federado com a sigla tucana, o Cidadania também participa das negociações.

Após o desembarque do União Brasil do bloco da terceira via, rumores indicavam que Doria e Simone também estavam dispostos a apostar em voos solos na corrida ao Planalto. Ainda assim, dirigentes de PSDB, MDB e Cidadania se mobilizaram e avançaram na semana passada na definição dos critérios que serão considerados para a escolha do candidato único do bloco.

Sugerida pelo MDB e acatada pelos demais partidos, a opção por pesquisas quantitativas e qualitativas favorece Simone em função do elevado índice de rejeição do paulista. O diagnóstico é reconhecido até mesmo entre aliados de Doria.

Reservadamente, interlocutores do ex-governador de São Paulo avaliam que Araújo não ofereceu resistência à metodologia por priorizar a pré-candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes. Para eles, o dirigente demonstra disposição em rifar Doria para que a sigla mantenha o controle no principal Estado do país.

Diante desse cenário, Doria se antecipou e tornou pública uma carta endereçada a Araújo, na qual reforçou que não desistirá da disputa nacional, pediu respeito ao resultado das prévias e disse ser alvo de uma tentativa de golpe. O documento foi visto pelos adversários internos como um recado de que ele recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso seja abandonado pelo partido.

Na carta, o ex-governador destacou que parte da cúpula do PSDB já se movimentava contra ele antes mesmo das prévias. Segundo Doria, depois do processo de escolha do candidato tucano ao Planalto, “tentativas de golpe continuaram acontecendo”.

Em reação aos movimentos de Doria, Araújo convocou integrantes da Executiva Nacional e parlamentares para uma reunião hoje, um dia antes de MDB, PSDB e Cidadania se encontrarem novamente para conhecerem o resultado dos levantamentos encomendados sobre os pré-candidatos à Presidência da República.

Na mensagem de convocação, o presidente nacional do PSDB afirmou que eventuais medidas podem ser adotadas, sem detalhar o que pode ser feito em relação ao paulista.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa de Doria e do resultado das prévias. Até mesmo o deputado Aécio Neves (PSDB), adversário interno do paulista, disse ser contrário à possibilidade de o PSDB abrir mão de liderar a candidatura ao Planalto.

Entre aliados de Araújo, acredita-se que, se a maioria da legenda entender que a decisão conjunta com MDB e Cidadania deve ser respeitada independentemente do desfecho, o plano de Doria de recorrer à Justiça deve ficar fragilizado.

Integrantes da cúpula do PSDB querem enterrar logo a crise com Doria por avaliarem que os recentes desgastes são mais prejudiciais à tentativa de Garcia de se reeleger do que à própria rejeição do eleitorado ao antecessor, que também tem potencial de contaminar a postulação do atual governador.

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