Fonte de primeiro escalão ligada diretamente ao governador disse ontem à reportagem do jornal O Tempo que a disputa pelo vice continua sendo uma guerra de nervos dentro da cúpula que já prepara a campanha de reeleição do governador Romeu Zema (Novo).
Segundo essa fonte, os nomes citados pelo jornal na semana passada, ou seja, o secretário de Governo, Mateus Simões; o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PL), o senador Alexandre Silveira (PSD) e o deputado federal Marcelo Aro (Progressistas), estão sob forte avaliação sobre todos os prós e contras.
Nesta semana, depois da declaração do senador Alexandre Silveira, que repudiou a possibilidade de se associar a Zema, muito em função de um ensaio de aproximação com o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a cúpula que discute o assunto já considera seu nome como “carta fora do baralho”.
O nome de Silveira foi cogitado por empresários de Minas que pensam em neutralizar o prefeito Alexandre Kalil (PSD) já no início da campanha. Segundo essa parte do empresariado mineiro, que se reúne sob os auspícios da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), “promovendo-se uma união do Novo com o PSD, a eleição estaria sendo decidida no primeiro turno”.
A briga então continua entre a pureza do Novo, o tempo de TV que os Progressistas podem acrescentar à campanha de Zema e o desejo dos bolsonaristas de ter um palanque forte no Estado, já explicitado pelo filho do presidente, Flávio Bolsonaro.
O nome indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, no caso, Marcelo Álvaro Antônio, é bravamente defendido dentro das instâncias governistas pelo marqueteiro da campanha de Zema, Leandro Groppo, que é severo defensor da aproximação entre Zema e Bolsonaro para essa campanha. O desejo de Groppo, entretanto, esbarra-se com o pensamento de manter a chapa única que levou Zema a ser governador, nas eleições passadas.
Zemalu ou Bolsonema
Além da questão purista, defendido sobretudo por eminências pardas do Partido Novo, que pressionam o governador para indicar o secretário Mateus Simões como vice do governador, Groppo, contratado a peso de ouro para fazer a campanha de Zema, é defensor de uma manifestação pública em favor do presidente.
Por trás disso, estaria o pensamento do publicitário zemista de que Bolsonaro ainda vai crescer nas eleições e, assim como na eleição passada, “Zema só teria a ganhar ficando ao lado do presidente”. Mas esse pensamento é contrastado profundamente por outras pessoas que integram o grupo de discussões mais permanentes da preparação eleitoral.
“Cozinhando o presidente”
Para esse grupo, Zema não pode correr riscos e a manutenção de Lula à frente das pesquisas já é um argumento mais do que suficiente para descartar completamente o nome de Marcelo Álvaro Antônio do posto de vice. Esse grupo defende “cozinhar o presidente” ou, no máximo, “associar-se a ele no sentido de garantir uma vaga para o Senado”, o que poderia ser o suficiente para “acalentar os homens de Bolsonaro em Minas”.
Neste caso, Mateus Simões se fortaleceria bastante e teria um caminho mais livre para intensificar suas articulações para ser escolhido o vice.
Um secretário de Zema confirmou à reportagem do jornal O Tempo, que esse tende a ser um caminho com muitos obstáculos, mas um pouco menos conflituoso para a campanha do que ter um bolsonarista no calcanhar. A ideia já estaria sendo digerida pelos empresários adeptos da lei do menor esforço.
Sobraria nesse balaio todo, a situação de Marcelo Aro, pretendente que utiliza as técnicas mais agressivas por uma indicação e tido nos bastidores como o mais “assanhado” pelo cargo. Aro usa o tempo de TV como arma para colocar seu nome à disposição. Mas, segundo esse secretário, Aro seria um problema menor.
“Ele (Marcelo Aro) não representa muito risco para Simões. Mesmo não ficando com as vagas de vice e de senador, o deputado se contentaria com indicações em um eventual segundo mandato e a garantia de que o governo não o atrapalharia em suas pretensões futuras. Acho que é uma coisa que se resolve facilmente com conversas. Além do mais, assim como a opção por um bolsonarista, a indicação de Aro prejudicaria o governador entre os eleitores que vão votar em Lula, mas que gostam do governador, já que o deputado se manifestou fortemente a favor do impeachment de Dilma”, disse.
As articulações – e especulações – continuam, mas alguns dias depois dos primeiros balões de ensaio, o nome de Mateus Simões parece ter conquistado mais força nos corredores do Palácio Tiradentes, mesmo desagradando o marqueteiro, os empresários mais ansiosos por definir a campanha em primeiro turno e a ala bolsonarista, que, através de Flávio Bolsonaro, já deu prazo para uma resposta, registra O Tempo.