A bancada federal de deputados e senadores do Rio Grande do Sul, composta por 34 parlamentares, determinou nesta sexta-feira que irá à Justiça para pleitear o adiamento do Enem dos Concursos, realizado em todo o país neste domingo. O pleito ocorre em função do estado de calamidade no estado, que passa por fortes chuvas desde esta quinta-feira.
A decisão da bancada foi tomada em reunião híbrida. Ao GLOBO, o deputado federal Tenente-Coronel Zucco (PL), detalhou as motivações:
— O Rio Grande do Sul terá que recomeçar do zero. De verdade, estamos vivendo a pior catástrofe da nossa história, a maior crise meteorológica de todos os tempos. As cidades e comunidades que até poucos dias atrás conhecíamos já não existem mais. Milhares de pessoas estão fora de suas casas, gente ilhada, desaparecida e muitos mortos. É um quadro desolador. Não tem água, não tem luz, tampouco internet. Dessa forma, parece sem noção a gente falar da aplicação de uma prova nestas condições — afirmou o parlamentar.
Na quinta-feira, o governador Eduardo Leite (PSDB) recomendou ao governo federal o adiamento:
— Vamos recomendar ao governo federal (pedido para adiamento). Esse concurso ficou completamente inviabilizado para a população gaúcha nesse final de semana. Vamos pedir alguma solução, não sei avaliar qual. Mas tenho confiança que terá uma solução — disse o governador.
No final do dia, contudo, o governo anunciou que irá manter a aplicação das provas em todo o país, incluindo o Rio Grande do Sul.
Lula promete apoio
O presidente Lula da Silva (PT) esteve no Rio Grande do Sul na quinta-feira, onde se reuniu com Leite, depois do voo programado sobre Santa Maria ter de ser cancelado devido ao mau tempo. Lula disse que o governo federal não medirá esforços para apoiar financeiramente o estado.
— Não faltará, por parte do governo federal, ajuda para cuidar da saúde, não vai faltar dinheiro para cuidar da questão do transporte, dos alimentos, tudo o que tiver ao alcance. Vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo isolado por causa das chuvas — afirmou o presidente, dizendo que irá “rezar muito” para que as chuvas parem. — Lamentavelmente a gente só não vai conseguir prometer recuperar as vidas das pessoas, porque não está ao nosso alcance, mas a gente vai tentar minimizar o prejuízo.
Leite agradeceu ainda pela ida do presidente, o que “poupa a necessidade de várias ligações”, e disse que os dois alinharam ações de apoio e estrutura para resgates neste primeiro momento e para reconstrução e busca da normalidade num segundo momento.
O governo gaúcho decretou na quarta-feira estado de calamidade pública, com validade de 180 dias, que estabelece que os órgãos e entidades da administração pública devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil. O texto também prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante.