Integrantes das bancadas emedebistas da Câmara e do Senado se reúnem nesta quarta-feira à noite em um jantar que terá a presença da senadora Simone Tebet (MS). O encontro ocorre em meio ao avanço das tratativas do partido com o PT para garantir mais espaço no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa é que o evento reúna mais de 50 pessoas, incluindo o governador reeleito Ibaneis Rocha, que apoiou Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Segundo a colunista Bianca Gomes, do O Globo, esse jantar vai ocorrer na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE), que representa a ala do nordeste mais próxima a Lula. O presidente eleito foi convidado para o evento, mas não confirmou presença.
Em abril, pouco antes de começar a campanha eleitoral, Eunício promoveu um jantar com Lula que reuniu parlamentares do MDB e de outras legendas. Na época, os caciques do partido indicaram ao petista que poderiam tentar barrar a candidatura de Tebet à Presidência, o que não prosperou.
A reunião desta quarta acontece sob um contexto diferente, em que o MDB tenta garantir três ministros na próxima gestão: além de Tebet, o partido quer um ministro indicado pela bancada da Câmara e outro pelos senadores. A ideia de um encontro com as diferentes alas partiu do presidente da legenda, deputado federal Baleia Rossi (SP). Entre os convidados esperados estão o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr. (AL), e o senador Renan Calheiros (AL).
Nesta terça-feira, Baleia se reuniu com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para uma nova rodada de conversas. A aliados, o dirigente se disse confiante de que o partido conseguirá as três indicações. Na semana passada, em reunião com a bancada, Baleia afirmou que Tebet representava, sim, o partido, afastando o discurso de que ela seria da cota pessoal de Lula.
A indicação das bancadas é tida como fundamental para que Lula garanta o apoio do MDB nas duas casas. Caso não atenda ao pedido, o presidente eleito poderá enfrentar problemas com os senadores e deputados emedebistas. Ao mesmo tempo, Lula já indicou que faz questão de ter Tebet em sua equipe, mas não esclareceu se ela faria parte da cota do partido ou de sua cota pessoal. A assessoria da senadora confirmou ao jornal O Globo sua presença no evento desta quarta.
Depois do encontro com Gleisi, os emedebistas passaram a avaliar que é “zero” a chance de Tebet não ocupar um cargo na Esplanada. Apesar da pressão do PT, o Desenvolvimento Social não foi descartado, dizem integrantes do partido. Fontes ouvidas pelo jornal afirmam que a senadora não foi convencida de aceitar outras pastas, mas tem se mostrado aberta a discutir possibilidades como Meio Ambiente e Turismo, esta última uma opção colocada sobre a mesa em conversas recentes.
Pelo Senado, a indicação deve ser Renan Filho, mas a aposta é que ele fique como uma pasta de ação política, como a Integração Nacional. Minas e Energia, que seria outra opção, apesar de ser um ministério com status, não ajuda na interlocução com a bancada e tem poucas entregas, avaliam pessoas próximas ao ex-governador.
No caso da Câmara, tudo caminha para uma indicação da bancada do Pará. O governador reeleito Helder Barbalho sinalizou que deseja emplacar o nome do irmão, Jader Filho, mas enfrenta resistência. Filho marcou presença na diplomação de Lula na segunda. Outro nome que foi cogitado é o de José Priante (PA).