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sábado 27 de julho de 2024 às 15:51h

Em meio a mobilização bolsonarista, médicos progressistas também se articulam para eleição no CFM

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Em meio a uma mobilização bolsonarista de olho nas eleições do Conselho Federal de Medicina (CFM), marcadas para 6 e 7 de agosto, grupos progressistas também se articulam para fazer frente ao movimento, que inclui até mesmo parlamentares alinhados ao ex-presidente. Os conselheiros eleitos terão a responsabilidade de escolher o presidente e a diretoria-executiva do CFM, que reúne cerca de 550 mil médicos, para o mandato de 2024 a 2029. As informações são do jornal, O GLOBO.

Em pauta, estão temas como a defesa da ciência como base primordial do exercício da atividade médica. Durante a pandemia, o CFM liberou que profissionais receitassem o chamado “kit covid”, um conjunto de remédios sem eficácia comprovada contra a doença que foi reiteradamente defendido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao longo da crise sanitária.

— A primeira coisa a ser feita é cancelar o parecer que permitiu a prescrição de medicamentos comprovadamente não eficazes, muitas vezes causando danos irreparáveis aos pacientes para tratamento da Covid-19 — frisa Unaí Tupinambás, médico e professor universitário de 62 anos, que está concorrendo no estado de Minas Gerais ao CFM.

Os grupos progressistas também pregam a redefinição dos critérios para a abertura de novos cursos de Medicina, priorizando as regiões Norte e Nordeste, e o retorno do CFM a instituições democráticas que definem políticas nacionais de saúde, como o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o Conselho Nacional de Residência Médica (CNRM).

— É necessário retomar a inserção do CFM nos diversos espaços onde existe a discussão das boas práticas da Medicina, não podemos escolher atores que carregam posições que contraponham a defesa da vida da nossa população — sustenta Rosângela Dornelles, de 53 anos, componente de chapa no Rio Grande do Sul, frisando a importância de que o conselho tenha autonomia e independência em relação a políticos e governos.

O papel do CFM ficou em evidência com a controvérsia do PL Antiaborto, em tramitação na Câmara dos Deputados. O projeto veio a reboque de uma resolução aprovada justamente pelo conselho para proibir a realização da assistolia fetal para interrupção de gravidez após 22 semanas de gestação. A técnica utiliza medicações para interromper os batimentos cardíacos do feto, antes de sua retirada do útero.

A orientação do conselho acabou derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Alexandre de Moraes, mas, no mesmo dia da decisão, parlamentares conservadores reagiram e apresentaram o PL na Casa. O texto prevê penas de prisão potencialmente maiores para mulheres que abortem do que para um estuprador, por exemplo.

A questão do aborto, porém, não é vista como central pelos candidatos. Segundo o médico Alexandre Romano, de 62 anos, aspirante a uma vaga no CFM no Rio de Janeiro, apenas 3% da categoria apontam o tema como primordial.

— Muitos acabam adotando posições que visam crescimento político. É uma forma de criar narrativas e polêmicas falsas, muitas vezes apoiadas por redes internacionais de desinformação e fake news, que manipulam a opinião pública e fortalecem a imagem de determinados grupos — afirma o médico.

O atual presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, celebrou em 2018 a eleição de Bolsonaro em um texto publicado no site do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Rondônia. Já uma de suas vices, Rosylane Rocha, conselheira pelo Distrito Federal, comemorou nas suas redes a invasão às sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro.

Rosylane e outro vice-presidente do CFM, Jeancarlo Cavalcante, aparecem em uma corrente disseminada por bolsonaristas nas redes pedindo votos para “chapas de direita”. O texto diz que as chapas são “garantidamente contra o PT” e “contra o Mais Médicos”.

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