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sexta-feira 2 de abril de 2021 às 19:51h

Em livro, Eduardo Cunha sugere que militares espionaram Dilma Rousseff

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Em trecho revelado hoje pela revista Veja de um livro que será lançado oficialmente no dia 17 de abril, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) diz que Michel Temer “lutou de todas as maneiras” pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) quando era vice-presidente da República.

Intitulada de “Tchau, Querida — O Diário do Impeachment”, a publicação conta a versão de Eduardo Cunha sobre o processo de impeachment que culminou com a saída de Dilma da presidência em 2016. Nos trechos revelados pela Veja, o ex-presidente da Câmara chega a sugerir uma suposta espionagem sobre a ex-presidente (leia mais abaixo).

Em janeiro, a colunista da Folha de S. Paulo Monica Bergamo publicou o capítulo de introdução do livro, no qual Cunha já responsabilizava Temer pelo impeachment. No trecho revelado pela Veja hoje, o ex-deputado vai além e diz que “jamais o processo de impeachment teria sido aprovado sem que Temer negociasse cada espaço a ser dado a cada partido ou deputado que iria votar a favor da abertura dos trâmites.”

“Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras”, diz Cunha, para quem a postura de Temer beira o cinismo: “ele acha que os outros são idiotas para acreditar na história da carochinha de que não desejava o impeachment nem teria feito nada por isso”.

Em um trecho que não teve a sua íntegra publicada na reportagem, Cunha diz que pedia, e Temer avalizava praticamente tudo na busca por votos pelo impeachment. Um dos exemplos citados pelo ex-presidente da Câmara, segundo a Veja, foi a nomeação de Marcos Pereira, do Republicanos, para o Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

Temer não comentou as citações de Cunha no livro. Em livro publicado recentemente, o ex-presidente creditou o impeachment de Dilma à iniciativa de Eduardo Cunha, em razão de o PT ter lhe negado o apoio. “O que aconteceu é que o PT agrediu muito o presidente da Câmara e, em face dessa agressão, ele não teve outra alternativa”, diz Temer no livro.

Cunha, de certa maneira, confirma parte da avaliação de Temer ao falar sobre sua relação com Dilma no livro. “Se não houvesse vivenciado a disputa com o candidato dela à presidência da Câmara e tivesse sido apoiado pelo PT na ocasião, em hipótese alguma teria havido o impeachment. Sempre fui uma pessoa de cumprir acordos”, disse.

O ex-deputado se referia à eleição para a presidência da Câmara em 2015, quando venceu o representante governista, Arlindo Chinaglia (PT-SP). A iniciativa do Governo em lançar um candidato petista em vez de articular a candidatura de Eduardo Cunha sempre foi apontada como ponto de partida na deterioração da relação entre Dilma e o Congresso que culminou com o seu processo de impeachment.

Conversa com Villas Bôas

Em outro trecho revelado pela revista Veja, Eduardo Cunha lança uma suspeita sobre os militares, mas apresentou apenas suposições que fez após uma conversa com o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas.

Cunha cita uma viagem ao lado de Villas Boas na qual ele diz ter percebido que o general tinha muitas informações sobre Dilma.

“Ele demonstrava conhecer a rotina do palácio com uma desenvoltura que não seria possível sem fontes internas”, disse, chegando a uma conclusão própria e sem mais elementos de que “Dilma não sabia, mas era vigiada o tempo todo de dentro do palácio”.

“Até visitas que recebia, telefonemas a que atendia, tudo era do conhecimento dos militares”, alega Cunha, sem apresentar mais indícios.

Cunha foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva em irregularidades envolvendo a Petrobras, e está preso preventivamente por lavagem de dinheiro e evasão de divisas por recebimento de propinas em contas mantidas na Suíça.

Por estar no grupo de risco do novo coronavírus, Cunha cumpre prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica pelo risco de contaminação.

Eduardo Cunha escreveu o livro “Tchau, Querida — O Diário do Impeachment” com a ajuda da filha mais velha, Danielle Cunha, que pretende se candidatar à deputada federal em 2022.

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