A dois dias de deixar o poder, o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um pronunciamento nas redes sociais nesta sexta-feira se defendendo de críticas e condenando atos terroristas em Brasília.
— Nada justifica, aqui em Brasília, essa tentativa de um ato terrorista, aqui na região do aeroporto de Brasília. Nada justifica. Um elemento, que foi pego, graças a Deus, com ideias que não coadunam com qualquer cidadão — disse Bolsonaro,
Durante a transmissão, o presidente afirmou que queria fazer uma prestação de contas e comentar sobre o “momento político atual”.
— Qualquer manifestação, é bem-vinda. Nós não queremos é confronto — disse Bolsonaro.
Após a derrota nas urnas, o presidente ficou recluso no Palácio do Alvorada e deu a sua última declaração no dia 2 de novembro, quando gravou um vídeo pedindo para que manifestantes desbloqueassem as estradas no país. De lá para cá, Bolsonaro ficou em silêncio enquanto manifestantes atacavam as instituições.
Pela primeira vez, o presidente falou sobre a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
— O que eu vejo desse governo que está previsto para assumir domingo? É um governo que começa capenga — afirmou Bolsonaro.
O presidente não deverá passar a faixa para Lula, porque irá viajar para os Estados Unidos, onde deve ficar por um mês, segundo o Diário Oficial da União.
Desde o início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro fez críticas às urnas eletrônicas, falando sem qualquer prova sobre a possibilidade de fraude. Entretanto, apesar das diversas acusações, em nenhum momento o presidente e seus aliados conseguiram provar vulnerabilidades que poderiam afetar os votos.
Na live, Bolsonaro lançou dúvidas, sem provas, sobre o resultado eleitoral e relembrou que o seu partido, o PL, moveu uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O processo, no entanto, foi arquivado por falta de provas após decisão do ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte, que aplicou à legenda uma multa de R$ 22,9 milhões.
O pleito foi acompanhado por diversas organizações da sociedade civil e, pela primeira vez, também pelas Forças Armadas. Nenhum deles conseguiu encontrar qualquer indício de fraude. Um relatório feito pelo Exército com base em uma apuração em uma amostra das urnas também não apontou divergência entre os resultados divulgados e o contado nas urnas.
O Tribunal de Contas da União (TCU) também não encontrou nenhuma divergência na análise feita nos boletins de urna do primeiro e do segundo turno das eleições deste ano. Os auditores do tribunal compararam as informações dos boletins de urna com os dados divulgados pelo TSE. Segundo o tribunal, cerca de 5,8 milhões de informações foram comparadas e nenhuma divergência foi encontrada.
O Tribunal Superior Eleitoral investiga o presidente por ataque às urnas. No último dia 14, o corregedor-geral do TSE, Benedito Gonçalves, pediu para instaurar um apuração sobre a posição de Bolsonaro em relação às urnas.