A possibilidade de substituir Geraldo Alckmin por João Doria na chapa presidencial do PSDB nas eleições 2018, unindo o MDB e o DEM em torno desse novo candidato, foi o principal assunto de um jantar promovido na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na noite da última quinta-feira (21).
O encontro, que teve Maia como anfitrião, reuniu o presidente Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. Apesar de acertada há alguns dias, a reunião não constava da agenda oficial nem de Temer nem de Maia.
A conversa não foi conclusiva, mas serviu para medir a temperatura da disputa, a menos de quatro meses da eleição. Na prática, todos queriam montar o xadrez e saber com quais aliados poderiam contar e quem seria o vice se a chapa fosse liderada por Doria, que tem negado a possibilidade de disputar à Presidência.
O pré-candidato do MDB ao Palácio do Planalto é o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que até hoje está estacionado em 1% das intenções de voto. No diagnóstico do governo, porém, ele não conseguiu “desencarnar” do posto de chefe da equipe econômica nem vestir o figurino de candidato.
Maia, por sua vez, já disse que abrirá mão de sua candidatura, em julho, para avalizar um nome capaz de vencer os extremos de direita e de esquerda. O problema é que, no seu diagnóstico, esse concorrente ainda não apareceu. O receio do grupo é de que o deputado Jair Bolsonaro (PSL), considerado de extrema direita, vá para o segundo turno com algum concorrente do campo da esquerda, seja ele Ciro Gomes (PDT) ou um indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – caso o petista, preso, seja barrado pela Lei da Ficha Limpa.
Alckmin, por sua vez, passou a última quarta-feira em Brasília em reuniões com o DEM, o PTB e o PRB. Elogiou Maia, a quem chamou de “uma grande liderança jovem e com espírito público” e disse que estava em processo de “aproximações sucessivas” com o centro. Naquele dia, o ex-governador de São Paulo tomou café da manhã, na casa do deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho, com o prefeito de Salvador, ACM Neto – presidente do DEM – e com Rodrigo Garcia, líder do partido na Câmara.
O tucano ouviu dos presentes várias dúvidas sobre sua capacidade de superar os obstáculos e se mostrar como um político novo na campanha. Apesar das divergências internas, integrantes do bloco formado por DEM, PP, PRB, Solidariedade e PSC dizem, nos bastidores, estar mais inclinados a apoiar Ciro Gomes, com quem muitos deles jantaram na terça-feira, também em Brasília.
Aécio negou que a reunião na residência oficial de Maia tenha discutido a substituição na chapa presidencial do PSDB. “Não tratamos desse assunto, até porque não participo das articulações da campanha presidencial”, afirmou o senador, por meio de sua assessoria. “Tenho dito, inclusive, que Alckmin será beneficiário do voto útil ainda no primeiro turno, o que vai levá-lo à segunda rodada e ele vencerá as eleições.”
Alckmin entrou no lugar de Aécio na presidência do PSDB depois de vir à tona a delação da J&F. O senador foi gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista e hoje é réu da Lava Jato.
Procurado, o coordenador de campanha de Alckmin, Marconi Perillo disse não ter informação sobre o encontro na casa de Maia. “O candidato do PSDB é Geraldo Alckmin. Será presidente e levará o País a um novo patamar de desenvolvimento social e econômico”, declarou. Maia não quis comentar o tema da reunião. “Não teve nada demais. Nenhum assunto fechado. Apenas conversamos sobre conjuntura”, afirmou o presidente da Câmara.
Por Vera Rosa