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sexta-feira 26 de abril de 2024 às 07:18h

Em festa da Embrapa, Lula associa tecnologia e pesquisa à luta contra a fome

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“A Embrapa significa produção de alimento. Produção de alimento significa acabar com a fome nesse país. A Embrapa é por demais importante. Ela virou a mãe máxima da tecnologia no Brasil e que serve de modelo para muitos países do mundo. Nós precisamos utilizar a Embrapa como se fosse a coisa mais extraordinária que os nossos olhos enxergam quando a gente quer falar da qualidade do Brasil”.

Com essas palavras de exaltação, o presidente Lula da Silva (PT) participou, nesta última quinta-feira, (25), em Brasília, da abertura das celebrações em torno dos 51 anos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ao lado de vários ministros, pesquisadores e funcionários da empresa, entre outros convidados. O evento coroou o reconhecimento por cinco décadas de serviços prestados à agricultura e à pecuária do Brasil, que alavancaram o país à posição de referência mundial em ciência e tecnologia para o setor agropecuário. Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e exporta para cerca de 200 nações.

Em seu discurso, Lula citou como exemplo da atuação da Embrapa a transformação ocorrida no Cerrado nas últimas décadas. “Quem é mais velho sabe que há 40 anos, há 50 anos, ninguém dava um tostão furado por uma terra no Cerrado. ‘Essa terra não presta, as árvores nem crescem, as árvores ficam tortas.’ Até que veio a Embrapa, com pesquisa, e transformou o Cerrado brasileiro numa coisa extraordinária de produção agrícola, fazendo com que o Brasil chegasse ao topo da produção, com pouca gente no mundo capaz de competir com o Brasil”, recordou o presidente.

“Se a Embrapa é importante, cabe a nós, do governo, dar à Embrapa o tamanho que ela merece”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

O presidente assumiu o compromisso de continuar a investir na empresa para que ela possa continuar a crescer e ajudar o país nos desafios que terá pela frente nos próximos anos. Lula recebeu de presente uma muda de pequi sem espinhos da presidenta da Embrapa, Silvia Massruhá.

O evento contou com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro Agricultura e Pecuária), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), Ester Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), além da primeira-dama, Janja da Silva.

As comemorações dos 51 anos da Embrapa prosseguem até o sábado, 27 de abril, com uma extensa programação de eventos, como exposição de tecnologias, lançamentos, experiências sensoriais, palestras e mesas redondas de temas técnicos.

Desafios

Em seu discurso, Silvia Massruhá, que assumiu a presidência da Embrapa em abril do ano passado, tornando-se a primeira mulher a comandar a empresa, destacou que a presença do presidente Lula foi um gesto importante para ressaltar a forma como a Embrapa é vista hoje na esfera federal.

“Há quase 14 anos não recebíamos um presidente da República na Embrapa. Ter o senhor neste momento significa muito para o futuro da pesquisa agropecuária brasileira. Os desafios presentes e futuros do Brasil e dos brasileiros são os desafios impostos à ciência e à pesquisa agropecuária”

Silvia Massruhá, presidenta da Embrapa

A presidente da Embrapa listou alguns dos objetivos do trabalho desenvolvido pela empresa. “Derrotar a fome, garantir a segurança alimentar no nosso país e no mundo, o acesso a alimentos saudáveis e de qualidade para todos os cidadãos, a promoção da melhoria do bem-estar e de qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável, o enfrentamento dos efeitos da mudança do clima, a redução das desigualdades no campo, fazendo com que o conhecimento e a inovação tecnológica produzidos alcance o pequeno, o médio, o grande produtor rural” destacou.

Silvia Massruhá ainda apresentou números que demostram a capacidade de retorno e celebrou a retomada dos investimentos na empresa. “Nosso balanço social de 2023 mostra um lucro social de mais de R$ 85 bilhões. Para cada R$ 1 investido na Embrapa, retornam R$ 21. Contribuímos indiretamente com mais de 66 mil empregos. Graças ao novo PAC, voltamos a ter recursos para investimento em pesquisa e infraestrutura.”

Transformação ecológica –  Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a Embrapa, fundada em 1973, é um exemplo para o país e tornou-se sinônimo de competência e admiração. “Um dos desafios do Brasil é promover a melhor e maior transformação ecológica, que é o que vai dar para o Brasil uma condição de criar empregos, de se reindustrializar, de viver dias melhores no futuro próximo. Para isso nós precisamos muito da cooperação da Embrapa, que é uma empresa que conta com 100% da confiança dos brasileiros. Acho que é a empresa pública mais apreciada e admirada do Brasil. E ela é admirada pela qualidade do serviço que presta para a nação brasileira. Cada brasileiro e brasileira sabe da importância do que vocês fazem aqui, do conhecimento que vocês produzem e da potência que o Brasil se tornou a partir do trabalho que vocês realizam”.

R$ 21 milhões

 A ministra Luciana Santos anunciou que sua pasta investirá mais de R$ 21 milhões no âmbito do Fundo Nacional do Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia para a contratação de encomendas junto à Embrapa, em 2024 e 2025, no Programa de Segurança Alimentar para erradicação da fome e a inclusão socioprodutiva com foco para o desenvolvimento de pesquisas e soluções tecnológicas para a ampliar o acesso à água no semiárido brasileiro. “A Embrapa é um exemplo do que a nossa inteligência é capaz de fazer. Se hoje nosso país é referência em ciência e tecnologia para a agricultura e estamos entre os maiores produtores de alimentos do mundo muito se deve à Embrapa”, ressaltou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Vocação – Ao lembrar o cenário mundial no período que se seguiu após o fim da Segunda Guerra Mundial, o ministro Carlos Fávaro afirmou que coube à Embrapa pavimentar o caminho que levaria o Brasil a encontrar sua verdadeira missão. “Nós descobrimos, há 50 anos, qual a nossa vocação: produzir alimentos de qualidade. Não é coincidência que há 50 anos nasce a Embrapa. A Embrapa faz com que o Brasil deixe de ser importador de alimentos para que nós possamos ser esse grande exportador e produtor de alimentos de qualidade. Nós temos que ter muito orgulho dessa vocação. Fortalecer a Embrapa, trazer a Embrapa de volta ao PAC, buscar investimentos em tecnologias e em parcerias e buscar com que a Embrapa se prepare para os próximos 50 anos é um legado que este governo está deixando a partir de agora”, declarou o titular da Agricultura e Pecuária.

Saltos exponenciais

Os dados do Balanço Social 2023 não deixam dúvidas quanto à importância da atuação da Embrapa nas últimas cinco décadas para o desenvolvimento da agricultura e pecuária nacional. E justificam os motivos que a levaram a empresa a ser considerada uma das maiores instituições de pesquisa do mundo tropical.

Até a década de 1960, o Brasil importava grande parte dos alimentos que consumia, quadro que foi revertido nas últimas quatro décadas, graças, em grande parte, à pesquisa agropecuária. O país aumentou em cinco vezes sua produção de, apesar de ter registrado um crescimento de apenas 60% na área plantada, o que confirma a eficiência dos avanços em tecnologia implantados no período.

Além disso, o Brasil elevou em 240% sua produção de trigo e milho e cresceu em 315% sua produção de arroz. O Brasil é hoje o primeiro produtor mundial de soja, o primeiro produtor e exportador de café e de suco de laranja, e é destaque também no cultivo de algodão, ocupando a posição de segundo maior exportador mundial e quarto maior produtor mundial deste bem.

Na pecuária, o rebanho bovino brasileiro aumentou em mais de 100%, mesmo com a diminuição relativa da área de pastagens. O ganho de produtividade do setor florestal chegou a 140%. A produção de carne e de frango aumentou em 59 vezes e o país é hoje o maior exportador de carne bovina do planeta.

Apenas em 2023, a agropecuária brasileira cresceu 15,1%, com um volume de R$ 677,6 bilhões. O setor teve a maior alta entre as atividades e refletiu diretamente no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que aumentou 2,9% em relação ao ano anterior, chegando a R$ 10,9 trilhões.

Redução nos preços – Em termos gerais, o principal impacto de longo prazo gerado pelos conhecimentos e tecnologias produzidos pela Embrapa para a agropecuária nacional foi a redução de custos dos alimentos em decorrência do aumento sustentável da sua oferta. Isso resultou na diminuição do valor da cesta básica em mais de 50% nos últimos 50 anos.

Essa queda nos preços dos alimentos possibilitou a elevação do salário real, especialmente o das classes de mais baixa renda. Esse é o ganho social mais importante advindo da pesquisa agrícola. Em um país com disparidades sociais e de renda, não existe política distributiva mais eficaz do que aquela que reduz o preço dos alimentos para a população pobre.

25.04.2024 - Cerimônia de Comemoração de Aniversário da Embrapa 50+

Acordos

 Durante a cerimônia, foram assinados sete acordos estratégicos, dois deles de abrangência internacional: um com o Banco Mundial e outro com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Os outros cinco selam novas parcerias com os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além de envolverem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste).

  • Banco Mundial e Jica – O memorando de entendimento entre a Embrapa, o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), a Corporação Financeira Internacional (IFC), que juntos formam o Grupo Banco Mundial (GBM), e o MAPA tem como principal objetivo o desenvolvimento de projetos para um setor agroalimentar mais verde, resiliente e inclusivo no Brasil e em outros países em desenvolvimento, especialmente os africanos, e prevê o compartilhamento de experiências e de pesquisadores com países onde o Banco Mundial tenha presença.

    Já o acordo de cooperação com a JICA, que também envolve o MAPA e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), visa, nos próximos três anos, as ações do Projeto de Desenvolvimento Colaborativo da Agricultura de Precisão e Digital para o fortalecimento do Ecossistema de Inovação e Sustentabilidade do Agro Brasileiro.

    Fazenda – O acordo de cooperação com o Ministério da Fazenda tem como foco o trabalho inédito no desenvolvimento da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) para o agronegócio e deve subsidiar o Plano de Transformação Ecológica , bem como a pauta de finanças sustentáveis.

    Desenvolvimento Agrário – O protocolo de intenções com o Ministério do Desenvolvimento Agrário gira em torno da construção da Plataforma de Cooperação em Inovação para Agricultura Familiar, além de estruturar o fortalecimento de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação e suas articulações com políticas públicas voltadas para a agricultura familiar.

    IBGE – Com o IBGE, será assinado um protocolo de intenções que visa a integração de dados e a disponibilização de informações estratégicas sobre a agropecuária brasileira por meio do Agro-i (Centro de Agrointeligência) para gestores e pesquisadores.

    MCTI E Consórcio Nordeste – Já com o MCTI, o acordo de cooperação técnica visa a melhoria contínua do Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa para o setor agropecuário, o que permitirá o monitoramento do progresso dos compromissos da política de clima do Brasil. Por fim, o protocolo de intenções com o Consórcio Nordeste permite maior parceria técnica e científica entre as duas partes de modo a promover maior alcance das tecnologias para os produtores da região.

Homenagens

O presidente Lula ainda participou de homenagens concedidas a dois empregados da Embrapa: a pesquisadora Christiane Paiva, da Embrapa Milho e Sorgo, e o pesquisador Judson Ferreira Valentim, da Embrapa Acre.

Christiane Paiva tornou-se a primeira pessoa a receber a insígnia Johanna Dobereiner de Liderança Científica, instituída para reconhecer os profissionais da ciência e inovação responsáveis pelo desenvolvimento de trabalhos que gerem impactos positivos para a agricultura do presente e futuro. Johanna Dobereiner, falecida em 5 de outubro de 2000, foi uma engenheira agrônoma brasileira, pioneira em biologia do solo, que recebeu, entre outras honrarias, o prêmio da Unesco de Ciência e que foi indicada ao prêmio Nobel de Química.

Já Judson Valentim recebeu a Homenagem Institucional por sua atuação em pesquisas internacionais com face na ciência e políticas públicas para a intensificação sustentável dos sistemas de produção agrícola no Brasil, especialmente na Amazônia. O trabalho do Judson é fundamental para garantir a produção de alimentos de forma sustentável, responsável, preservando a biodiversidade da Amazônia.

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